terça-feira, 4 de abril de 2017
Desmatamento pode colocar Amazônia em ‘ciclo mortal’, diz estudo
Perda de cobertura florestal deixaria o ecossistema semelhante ao do Cerrado.
Sob constante pressão do desmatamento e ameaçada pelas mudanças climáticas, a Floresta Amazônica corre o risco de entrar num “ciclo mortal” que pode levar o ecossistema a se transformar em algo mais parecido com o Cerrado. De acordo com um estudo liderado por pesquisadores do Instituto Potsdam de Pesquisas sobre o Impacto Climático, baseado na Alemanha, a perda de cobertura florestal provoca uma redução na umidade do ar, desbalanceando o sistema e tornando outras regiões mais suscetíveis ao desflorestamento. Modelos computacionais indicam que sob condições de seca, essas perdas adicionais, classificadas como “autoamplificadas”, variam entre 10% e 13%.Esse efeito dominó tem potencial para desestabilizar o equilíbrio do ciclo das águas na Amazônia. Hoje, a umidade penetra no continente vinda do Oceano Atlântico, carregada pelos ventos alísios até o Andes. Durante o percurso, essa umidade se condensa em chuvas torrenciais, que suportam a riqueza do bioma. Mas grande parte dessa água, em média 70% nas áreas de floresta tropical, retorna para a atmosfera pela evapotranspiração — evaporação da água no solo e da transpiração das plantas — e continua o seu caminho em direção ao interior do continente.
Em áreas com a vegetação típica do Cerrado, só 57% do vapor d’água retorna para a atmosfera. E essas perdas vão se acumulando ao longo do caminho, aumentando o risco de secas nas regiões mais internas do continente e a consequente perda de cobertura florestal.
— A região da Amazônia possui dois estados de equilíbrio possíveis. Um deles é o atual, de floresta tropical, e o outro é o de Cerrado. Nós temos a floresta tropical porque as condições de umidade — com muitas chuvas — e de temperaturas amenas são favoráveis — explica Henrique Barbosa, pesquisador do Instituto de Física da USP e coautor da pesquisa. — Se você reduz as chuvas e aumenta as temperaturas, que é o que está acontecendo, o Cerrado passa a ser favorecido.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento voltou a crescer na Amazônia brasileira. No ano passado foram desmatados 7.989 km², aumento de 29% em relação ao ano anterior. Além da atividade humana local, a região sofre com a pressão global das mudanças climáticas: desde 2005, foram três períodos de seca intensos. As projeções indicam a ocorrência mais frequente de eventos climáticos extremos, com secas fortes e prolongadas.
— Mais do que determinar o que vai acontecer, esse estudo serve como um alerta — acredita a pesquisadora Marina Hirota, da Universidade Federal de Santa Catarina e coautora do estudo, ressaltando que não concorda com a previsão de savanização da Amazônia. — O que nós sabemos é que esse círculo vicioso, essa desestabilização, provoca perdas na floresta sem que o homem tenha que ir lá e desmatar.
BOA NOTÍCIA
Apesar das previsões, o estudo indica forte resiliência do ecossistema amazônico. Por ser heterogêneo, as diferentes espécies de plantas resistem de forma diversa aos períodos de seca, e fornecem maior resistência às alterações nos regimes de precipitação.
— Uma pessoa tem dez vasos com espécies de plantas diferentes na varanda, precisa viajar e pede para o vizinho regar. Por mais que ele regue todos os dias, ele coloca menos ou mais água, perturbando o sistema. Na volta da viagem, quatro plantas morreram, mas seis sobreviveram. Essa é a resiliência da heterogeneidade — exemplifica Marina. — É isso o que acontece na Amazônia. Em regiões diferentes, as florestas são diferentes, e algumas porções podem não sobreviver, mas outras certamente irão.
Carl Schleussner, outro coautor do estudo, concorda que com as mudanças nas chuvas previstas para o fim deste século, a Amazônia não morrerá.
— Mas grandes partes certamente estão em risco — alerta Schleussner.
As informações são do repórter Sérgio Matsuura, de O Globo
Edição da Agência Baluarte
Assinar:
Postar comentários
(Atom)
Postagens mais visitadas
-
A nudez despudorada POR FERNANDO ATALLAIA DIRETO DA REDA ÇÃ O Um grupo de mulheres vem tirando a roupa nas noites de São Luís ...
-
Pleiteando uma das vagas no Legislativo ludovicense, médico pioneiro na concepção, implementação e difusão de projetos voltados à saúde ment...
-
2026 ‘PEGANDO FOGO’: PSDB E PODEMOS AVANÇAM EM ACORDO E DISCUTEM CRIAR ‘MOVIMENTO’ PARA MANTER NOMESDepois de meses de discussão e propostas de vários partidos, o PSDB deve oficializar nas próximas semanas a fusão com o Podemos . A tendê...
-
A 17 meses da eleição, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aparecem bem posicionados na corrida pelo Senado Federal, com chances re...
-
O suspeito de ter matado o major André Felipe, em São Luís , confessou ter praticado o crime e indicou para a polícia onde havia escondido ...
-
A presidente da Alema, Iracema Vale, vem tendo o nome fortemente cogitado para encabeçar uma possível chapa majoritária com Orleans Brandão...
-
O deputado estadual e líder do governo, Neto Evangelista (União Brasil), defendeu a liberdade que tem o governador Carlos Brandão (PSB) de i...
-
NOMES DA OPOSIÇÃO ACUSAM "IDEOLOGIA" E "POLITICAGEM". MUDANÇA NO SEGUNDO UNIFORME FOI PUBLICADA EM PORTAL ESTRANGEIRO. ...
-
E o deputado federal Pastor Gil(PL) vem fazendo a diferença em Brasília com dezenas de proposições e projetos postos em plenário em seu segu...
-
O governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), viu nesta semana o Partido dos Trabalhadores ( PT ) assumir a dianteira nas discussões sobre...
Pesquisar em ANB
Nº de visitas
Central de Atendimento
FAÇA PARTE DA EQUIPE DA AGÊNCIA DE NOTÍCIAS BALUARTE
Denúncias, Sugestões, Pautas e Reclamações: agencia.baluarte@hotmail.com
atallaia.baluarte@hotmail.com
Sua participação é imprescindível!
Denúncias, Sugestões, Pautas e Reclamações: agencia.baluarte@hotmail.com
atallaia.baluarte@hotmail.com
Sua participação é imprescindível!
0 comentários:
Postar um comentário