terça-feira, 2 de janeiro de 2018
1954-Após o suicídio de Getúlio, multidões, antes apáticas,
investiram contra o jornal “O Globo” e outros símbolos do conservadorismo. Ao
marcarem o julgamento de Lula para janeiro de 2018, os donos da bola passam
recibo: temem a reação de baixo. Mas não têm a mínima ideia de que bicho vai
dar
Desde dezembro passado elevou-se enormemente a possibilidade de Lula ser condenado pelo TRF-4, de Porto Alegre. Imagino que os meritíssimos daquela colenda Corte ainda não tenham traçado o passo seguinte, se sairá dali apenas a inabilitação para concorrer nas eleições, ou se voz de prisão será dada ao réu. Não é matéria a ser decidida de afogadilho. As mais altas instâncias da Justiça— leia-se Rede Globo— devem ser invocadas para a decisão final. Olhando com pouco mais de calma para a celeridade na definição da data, algumas coisas podem ser inferidas.
A primeira é que o tribunal acerta o calendário numa manobra
rasteira, digna dos pusilânimes. Anuncia sua agenda no mesmo dia em que o
ex-presidente aparece tecnicamente empatado nas pesquisas de intenção de voto
com Geraldo Alckmin e Jair Bolsonaro no bastião tucano chamado São Paulo! Ou
seja, às vésperas de enfrentar as peçonhas do Judiciário, Lula alcança a melhor
performance que jamais obteve em território adverso. Por isso, em meu pedestre
entender, não vale a pena aos setores democráticos caírem no desespero e
adotarem a tática Hardy Har-har (“Oh dia, oh azar…”).
A tentativa de desferir o golpe dentro do golpe se dá com os
algozes demonstrando hesitação. O dia fatídico será entre o ano novo e o
Carnaval, tempos de férias nas Universidades e escolas secundárias, locais de
onde podem surgir potenciais manifestações públicas. Ou seja, passam recibo de
temerem reações vindas de baixo. Os donos da bola não têm a menor ideia de que
bicho vai dar, uma vez proferida a decisão. Aliás, ninguém sabe. Como
filosofava o Barão de Itararé, tudo pode acontecer, inclusive nada.
É bom atentar para o fato de que até as vésperas do suicídio
de Getúlio Vargas – em agosto de 1954 num outro dia 24 – reinava a defensiva
entre os apoiadores do presidente. Era notável a relativa passividade nos
bairros populares cariocas diante da escalada de denúncias da corrupção que
teria origem no Catete. Quando a notícia da morte do “pai dos pobres” se
espalhou, o país entrou em catatonia coletiva, que se desdobrou em violentas
ondas de protestos no Rio de Janeiro.
O que se planeja para Lula é uma morte de outro tipo.
Trata-se de um assassinato político para tirá-lo da disputa em que sua vitória
é líquida e certa. Como o golpe de 2016 – apesar de acalentar um projeto claro
do grande capital – foi construído com sucessivos pés nas portas, os carrascos
togados do Sul podem condenar para ver o que acontece. Agirão mais ou menos
como Eduardo Cunha, que se enfureceu com a falta de apoio do PT na Comissão de
Ética da Câmara e decidiu fazer o que lhe deu na veneta. A desarticulação
acelerada do governo Dilma fez com que tudo ruísse como um castelo de cartas.
Um gesto que poderia degenerar em bravata colou. Todos sabem o que veio a
seguir.
Possivelmente os doutos juízes seguirão pelo mesmo diapasão.
Não aparentam ter muita sensibilidade social e política para farejar o day
after. Devem chutar o balde para ver no que dá. Pode dar merda. Do lado das
maiorias, tudo dependerá de uma corrida contra o relógio para a constituição de
um movimento contra o golpe dentro do golpe, que junte os que gostam e os que
não gostam de Lula.
Desde dezembro passado elevou-se enormemente a possibilidade de Lula ser condenado pelo TRF-4, de Porto Alegre. Imagino que os meritíssimos daquela colenda Corte ainda não tenham traçado o passo seguinte, se sairá dali apenas a inabilitação para concorrer nas eleições, ou se voz de prisão será dada ao réu. Não é matéria a ser decidida de afogadilho. As mais altas instâncias da Justiça— leia-se Rede Globo— devem ser invocadas para a decisão final. Olhando com pouco mais de calma para a celeridade na definição da data, algumas coisas podem ser inferidas.
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A tentativa de desferir o golpe dentro do golpe se dá com os algozes demonstrando hesitação. |
O que acontecerá ao fim do dia 24 de Janeiro? Embora seja uma
época de desmobilização geral, nada impede Lula de continuar a botar a boca no
mundo e a correr o país, intensificando a denúncia do tapetão jurídico. O
desgaste concreto das reformas pode levar o petista a crescer ainda mais nas
intenções de voto nesses quarenta dias. A trabalhista já se materializa em
demissões em doses industriais em vários estados. Se o ex-metalúrgico continuar
a subir, a possível condenação nascerá desmoralizada. Efetiva, mas
desmoralizada. Embora seja pouco provável, não está fora do radar um aumento
das manifestações populares em apoio ao petista.
Texto de Gilberto Maringoni, do Outras Palavras
Edição da Agência Baluarte
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