segunda-feira, 3 de abril de 2017
OPOSIÇÃO
DE VERDADE
Rede
Sustentabilidade vai ao Supremo contra Lei da Terceirização sancionada por
Temer
"Trata-se do maior ataque da história deste país aos direitos dos trabalhadores", afirmou senador Randolfe Rodrigues.
"Trata-se do maior ataque da história deste país aos direitos dos trabalhadores", afirmou senador Randolfe Rodrigues.
A
polêmica em torno da Lei da Terceirização ganhou mais um questionamento junto
ao Supremo Tribunal Federal (STF). Nesse domingo (2), a Rede Sustentabilidade
ingressou com uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI) contra a nova
legislação, que foi sancionada pelo presidente não eleito Michel Temer (PMDB)
na última sexta-feira (31).
Aprovada
pela Câmara Federal no dia 22 de março, a proposta libera para empresas e
instituições públicas a terceirização das atividades-fim – aquelas que dizem
respeito à principal função desempenhada pela organização. Entre outras coisas,
também estende o prazo dos contratos temporários, que agora passa de 90 para
270 dias.
Essa
é a primeira legislação no país a tratar da terceirização. Anteriormente,
prevalecia o entendimento do Tribunal Superior do Trabalho (TST) de que só
poderiam ser contratados por essa modalidade funcionários que exercem
atividades-meio, que são as funções de apoio ao trabalho principal, como
serviços de limpeza e segurança.
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Líder
da Rede no Senado, Randolfe Rodrigues (AP) pede que Supremo declare
inconstitucionalidade da Lei da Terceirização.
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Na
avaliação da Rede, a nova lei é inconstitucional porque ofende o artigo 7º da
Carta Magna, que dispõe sobre direitos sociais básicos, e fere o princípio da
separação entre os Três Poderes. Isso porque a matéria aprovada pela Câmara foi
enviada ao Parlamento em 1998 pelo governo Fernando Henrique Cardoso
(PSDB), mas, em 2003, o então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), pediu o arquivamento do projeto, que já havia passado pelo Senado e
estava pronto para ser votado em plenário.
Após
o pedido, o trâmite da matéria paralisou, até que este ano ela foi resgatada
pelo atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sob intensos protestos da
oposição e de segmentos populares. O projeto ressurgiu no contexto de discussão
das reformas trabalhista e da Previdência, que são duas das principais medidas
de austeridade do atual governo.
“Essa
lei é o maior ataque da história deste país aos direitos dos trabalhadores. (…)
Nós esperamos da Suprema Corte o restabelecimento da ordem constitucional e
acreditamos que não há outra alternativa a não ser restabelecer a ordem e o
direito, colocando na ilegalidade esta lei, que é uma afronta ao povo
brasileiro, aos trabalhadores e ao Parlamento”, afirmou o líder da Rede no
Senado, Randolfe Rodrigues (AP).
O
projeto de lei (PL), batizado de PL 4302/98, foi aprovado por um placar de 232
votos a favor, 188 contra e oito abstenções. Em seguida, foi sancionado por
Temer no mesmo dia em que movimentos populares de todo o país foram às ruas contra
essa e as demais medidas de austeridade do Planalto.
Justiça
A ADI
ajuizada nesse domingo pela Rede se soma ao mandado de segurança protocolado
junto ao Supremo na semana passada pela mesma legenda, em parceria com o PT e o
PDT. Do ponto de vista técnico-jurídico, a diferença entre as duas iniciativas
é que o mandado questiona o rito processual da matéria no Congresso, enquanto a
ADI coloca em xeque o mérito da proposta.
O PT
também deve entrar com uma ADI contra a nova lei, tendo agendado para a tarde
desta segunda-feira (3) uma reunião sobre o assunto. Paralelamente, a Central
Única dos Trabalhadores (CUT) avalia se também ingressa com uma ação do mesmo
gênero junto ao Supremo.
“Esse
projeto é o fim do mundo. (…) Ele fere vários artigos da Constituição que a
gente tinha que pleitear judicialmente, apesar de não dar pra esperar muito do
STF”, opina o secretário nacional de Assuntos Jurídicos da CUT, Valeir
Ertle. Entre outras coisas, ele critica a liberação da terceirização ilimitada
para o setor público, afirmando que ela ofende os ditames constitucionais por dispensar a realização de concurso.
Senado
Paralelamente
à discussão do tema no STF, o Senado Federal discute outra matéria relacionada
à terceirização: o Projeto de Lei Complementar (PLC) 30/2015, que está sob a
relatoria do senador Paulo Paim (PT-RS).
Da
forma como foi originalmente proposto, o PLC também libera a prática de forma
ilimitada, mas tem sofrido ajustes ao longo da tramitação na Casa, o que tem
descontentado o governo. Em sintonia com as aspirações do Planalto e para
evitar uma aprovação do PLC 30 que trave interesses palacianos, Rodrigo Maia
resgatou o PL 4302 antes que o Senado pudesse votar a matéria, o que resultou
na sanção da nova lei.
Na
última terça (29), o senador Paulo Paim apresentou o parecer sobre o PLC na
forma de um substitutivo que reúne aspectos de outros projetos sobre o tema. No
relatório, ele proíbe a terceirização para atividades-fim e estabelece a
criação de um fundo para indenizar o trabalhador em caso de falta de pagamento.
A
sugestão precisa ser avaliada pela Casa. O presidente do Senado, Eunício
Oliveira (PMDB-CE), indicou que a matéria deve tramitar em dois colegiados: a
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e a Comissão de Assuntos Econômicos
(CAE). No entanto, nada impede que seja feito um acordo para que o texto passe
direto para votação em plenário.
Além
de atores da oposição, parte da bancada do PMDB, liderada por Renan Calheiros
(AL), tem se manifestado contra a terceirização irrestrita, o que ajuda a
turvar os planos do governo. A expectativa é de que o PLC seja votado
durante este mês.
Segundo
esclarece o diretor de Assuntos Legislativos da Associação Nacional dos
Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Luiz Colussi, o projeto que está
no Senado pode ser aprovado independentemente do aceno a ser dado pelo STF
sobre a votação do PL 4302. Isso pelo fato de o PLC 30 estar seguindo os
trâmites legislativos convencionais, podendo ainda ser alterado por emendas.
O
magistrado explica, no entanto, que uma eventual aprovação do PLC 30 pelo
Senado não impede que Temer vete a matéria em seguida. “Ele pode ou não fazer
uso do seu poder de veto, deixando passar o prazo de 15 dias para a sanção, e
aí o Congresso Nacional é que vai ter a responsabilidade de sancionar. Mas, se
foi ele [Senado] mesmo que fez a lei, ele não vai vetar”, projeta Colussi.
Apesar
de, pelas normativas vigentes, o Congresso poder sancionar por conta
própria, o chefe do Executivo tem ainda a prerrogativa de vetar total ou
parcialmente a sanção legislativa. Num caso de veto total, o Congresso deve
ainda apreciar o veto, podendo anulá-lo ou não, mas a derrubada é um horizonte
distante no atual cenário político.
“É
muito difícil isso acontecer porque é um trabalho gigantesco que os
parlamentares têm que fazer”, aponta Colussi, acrescentando que seriam
necessários 257 votos na Câmara e 41 no Senado, para configurar maioria
absoluta.
Governo
O
Palácio do Planalto ainda não se pronunciou oficialmente a respeito da ação
ajuizada pela Rede Sustentabilidade. À imprensa, Temer tem defendido que a
terceirização ilimitada seria importante para a economia porque, na avaliação
do governo, aumentaria a oferta de vagas no mercado de trabalho.
As
informações são da repórter Cristiane Sampaio
Edição
de Vanessa Martina Silva e ANB online
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