domingo, 14 de fevereiro de 2016
CPT denúncia violência no campo em Rondônia: “um barril de pólvora”
Comissão Pastoral da Terra afirma que o estado é o que teve maior número de mortes em conflitos no campo em 2015: 21 trabalhadores foram assassinados
Por José Coutinho Júnior,
De São Paulo (SP)
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) lançou uma nota pública nesta quarta-feira (10) em que denuncia a violência contra os trabalhadores rurais que lutam por terra em Rondônia. Segundo a pastoral, o estado é “um barril de pólvora”.
Em 2015, Rondônia foi o estado com o maior número de mortes em conflitos no campo no país. Foram 21 trabalhadores assassinados, muitos com características de execução. A CPT diz que este é o número mais elevado de assassinatos de camponeses e sem terra já registrado no estado desde 1985
Em 2015, Rondônia foi o estado com o maior número de mortes em conflitos no campo no país. Foram 21 trabalhadores assassinados, muitos com características de execução. A CPT diz que este é o número mais elevado de assassinatos de camponeses e sem terra já registrado no estado desde 1985.
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Os casos de violência continuam em 2016. Em janeiro, mais quatro pessoas foram assassinadas por causa de conflitos rurais. Dentre essas pessoas, a militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Nilce de Souza Magalhães, executada com três tiros, num acampamento de pescadores atingidos pela Hidrelétrica de Jirau. Seu corpo, até o momento, não foi encontrado.
Segundo Maria Petronila, da coordenação da CPT em Roraima, a omissão do estado em não realizar uma regulação fundiária efetiva é um fatores que causa e perpertua a violência.
“Em 2015, não foi criado nenhum assentamento e as famílias sem terra ficam acampadas na lona preta por muito tempo. Isso aumenta a pressão da pistolagem contra esses trabalhadores. Além disso, as investigações e inquéritos dos assassinatos não são concluídas”.
Ela também alerta que a polícia, imprensa e autoridades públicas têm colocado a violência como culpa dos trabalhadores.
O comandante geral da polícia militar, Ênedy Dias, que foi ao Vale do Jamari com objetivo de “coordenar ações para diminuir a violência”, afirmou à imprensa que “estamos mandando um recado: não vamos descansar enquanto não prendermos todos esses criminosos, que considero, na verdade, terroristas. Esses ditos sem terras agem como terroristas”.
“A polícia age de uma forma muito parcial, criminalizando os sem terra, outras lideranças e não realizando as investigações da morte dos trabalhadores como deveria. O recado do comandante não foi só para os sem terra, mas para todos que apoiam essa luta”, diz Maria.
Soluções?
A CPT diz na nota que “se nenhuma medida séria e eficaz for tomada pelas autoridades competentes, a situação poderá ser calamitosa, beirando a catástrofe social.”
Para Rubens Siqueira, membro da coordenação nacional da CPT, o estado poderia intervir e buscar uma solução, mas ele é parte do problema.
“O estado, que tem o poder de intervir na questão, é parte do problema. O caos fundiário brasileiro nunca se resolve, porque beneficia empreendimentos econômicos dos grandes grupos financeiros que buscam terras. Por isso não se faz a reforma agrária”.
Segundo o coordenador da pastoral, a sociedade civil, tanto nacional como internacional, deve se mobilizar e pressionar o estado e se colocar contra a violência no campo.
“Se o estado não é capaz por contra própria, vamos criar uma frente popular com movimentos sociais, organizações da igreja e sociedade civil, além de formalizar denúncias internacionais para a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA)”.
Dorothy Stang
Nesta sexta-feira (12), completa-se 11 anos da morte de Dorothy Stang. Nascida nos Estados Unidos em 1931, a missionária se naturalizou brasileira e dedicou sua vida à defesa dos direitos dos trabalhadores e à reforma agrária no norte do país.
Quando chegou em Anapu, cidade na beira da Transamazônica, no Pará, em 1982, Dorothy começou a reivindicar os direitos de pequenos agricultores e estimulou sua organização. “Os direitos que a lei reconhece, a gente tem que conhecer e ensinar o povo para eles saberem como batalhar por si. A gente não vai ficar a vida inteira batalhando por eles, eles que têm que fazer'”, dizia.
A missionária foi assassinada no interior de Anapu, com seis tiros. Segundo Rubens, a situação de violência no campo brasileiro só tem piorado desde a morte da missionária.
“A violência só aumentou. No ano passado, pela mesma questão e no mesmo local onde Dorothy foi assassinada, sete outros ativistas foram mortos. Se ela estivesse viva, teria sido ameaçada e morta como continua acontecendo com outras pessoas. Onze anos depois, Dorothy tem sido morta sempre”.
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