domingo, 2 de novembro de 2014
O diálogo não basta
As dificuldades de Dilma ao contar com uma base governista interessada apenas nas benesses concedidas pelo governo
Por Maurício Dias
Debruçado sobre o resultado das eleições para o Congresso, Senado e Câmara, o cientista político Fabiano Santos olha para os números tendo em perspectiva o segundo governo Dilma e se vê tomado de preocupação. Uma dobrada preocupação, diga-se, possivelmente refletindo no mundo acadêmico as mesmas inquietações sofridas pela presidenta, reeleita após uma disputa eleitoral duríssima.
“Dilma terá de cuidar com muito mais atenção das relações com o Parlamento. Mais especificamente com a Câmara dos Deputados”, acentua Santos, numa das salas do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), onde trata do tema com o pesquisador Júlio Canello.
Dilma terá que cuidar com muito mais atenção das relações com o Congresso |
À frente deles, na tela do computador, espalham-se números, porcentuais e votações obtidas pelos 28 partidos, incluindo os seis novos, representados na Câmara dos Deputados na legislatura de 2015. Com esse amontoado de informações Santos e Canello formaram, com a precisão possível, o cenário de governabilidade para Dilma, considerando as relações com o Congresso.
No Senado, a oposição será menor, porém, mais dura. Uma coligação de apenas 18 senadores certamente mais sintonizados.
No Senado, a oposição será menor, porém, mais dura. Uma coligação de apenas 18 senadores certamente mais sintonizados.
“A vantagem numérica do governo no Senado pode ser compensada, do ponto de vista das estratégias e processo deliberativo, pelo peso político e experiência de nomes da oposição, como os do próprio Aécio Neves, de José Serra, Tasso Jereissati e Aloysio Nunes Ferreira”, lista Fabiano Santos.
Ao falar sobre a composição da Câmara, ele faz avaliação distinta. Acredita que “o menor peso relativo da coalizão de apoio a Dilma seguramente será revertido com a presença maior do que chamamos centro flexível, isto é, os partidos que não são marcadamente de direita e tendem a aderir ao governo por conta de acordos pragmáticos a um baixo custo para a operação do governo e do Estado em seu conjunto”.
A vitória parece não ter subido à cabeça dela, onde, aliás, estão registradas as crises no começo do primeiro governo. Havia então um quadro muito menos problemático do que agora. Dilma e seus “aliados”, como Renan Calheiros, senador pelo PMDB, já destoam quanto à proposta de reforma política.
Na Câmara, a coalizão do governo, a chamada base governista, cairá de 340 para 304. Ainda é grande e, pelo tamanho, igualmente fragmentada e unida apenas pelas benesses oferecidas pelo Executivo aos aliados.
Júlio Canello acredita que o adversário “seguirá enrijecido”. E explica: “A oposição poderá seguir em sua estratégia de adversário implacável. Para governar será preciso equacionar as agendas do PT e dos vários PMDBs”.
É o quadro que já se projeta nos estertores do atual Congresso.
O ex-presidente Lula foi um dos primeiros a tocar nessa “ferida”. Ele não esconde a preocupação e diz que a convivência de Dilma com o Congresso será agora “cada vez mais difícil”. Não é por outra razão que a própria presidenta pretende montar um núcleo para construir uma ponte com o Parlamento, conforme circula no mundo político. Faz sentido. Dilma, nas afirmações públicas feitas após a vitória, pontuou seguidamente a palavra “diálogo”.
Mas “diálogo” não parece ser fazer a mágica. Ou seja, superar a agressividade da oposição, capitaneada pelo PSDB.
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