domingo, 8 de junho de 2025

Com base no efeito Orloff (eu sou você, amanhã), o Brasil acompanha com muito mais interesse o governo de Javier Milei, na Argentina, e não dá tanta atenção a outro fenômeno antissistema na América Latina: o presidente Nayib Bukele, de El Salvador. Uma boa pergunta é saber qual candidato no Brasil de hoje teria mais apelo eleitoral? Um cabeludo com uma motosserra na mão, ameaçando acabar com a herança de Getúlio Vargas e Lula, ou um jovem investido no papel de xerife durão    prometendo entupir as cadeias de bandidos, impedir a Justiça de soltá-los, trazendo de volta a paz às famílias e livrando comunidades pobres e empresas de extorsão? Assim como no Brasil, grande parte do território de El Salvador não pertencia ao Estado, mas era dominada basicamente por duas gangues: Mara Salvatrucha (MS-13) e 18th Street. O tráfico de drogas era apenas um dos ramos de seus negócios, e não o mais lucrativo, como começa a ocorrer a passos acelerados com Comando Vermelho e o PCC. A maior parte do dinheiro das gangues de El Salvador vinha do controle do território. "As gangues baseavam suas taxas de extorsão na riqueza percebida, variando de alguns dólares por dia para vendedores ambulantes a pagamentos semanais ou mensais chegando a milhares de dólares para empresas maiores", segundo estudo publicado pela InSight Crime, organização que reúne estudos, reportagens e pesquisas sobre a violência nas Américas. Como no caso específico do Comando Vermelho, o negócio dos criminosos é o domínio do território. Sem ele, não há negócios. Outra semelhança: o sistema penitenciário de El Salvador era, como no Brasil, uma parceria público privada, na qual o Estado entra com a estrutura e as organizações criminosas, com a gestão. A exemplo das maiores duas facções brasileiras, as gangues de El Salvador usaram os presídios superlotados para se organizar, criar estruturas mais hierarquizadas e disciplinadas.


OG

EDIÇÃO DE ANB ONLINE

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