sábado, 23 de novembro de 2019
Nova legenda quer explorar imagem do presidente para emplacar
candidatos fortes e evitar que a oposição conquiste as capitais do país, mas
ímpeto dos correligionários já preocupa principais nomes da sigla que tentam
''frear aproveitadores''
O Aliança pelo Brasil ainda não está
oficialmente criado, mas a Executiva Nacional e os deputados federais, que
anseiam pela migração à futura legenda, começam, passo a passo, a traçar as
estratégias para dar musculatura política às eleições municipais de 2020. O
martelo ainda não foi batido pelo presidente Jair Bolsonaro, mas a ideia
de é ter candidaturas nas capitais. Caso não seja possível, o apoio a
candidatos de outros partidos não está descartado. Paralelamente, parlamentares
se mobilizam para viabilizar postulantes próximos e confiáveis em municípios do
interior, embora reconheçam as dificuldades.
A intenção do Aliança é de usar a popularidade de Bolsonaro
para emplacar candidatos fortes e evitar que municípios com grandes orçamentos,
sobretudo as capitais, “caiam nas mãos” de candidatos de partidos da oposição.
“Será importante esse pragmatismo para termos prefeitos chave para combater o
Foro de São Paulo em todos os grandes municípios”, destacou o deputado federal
Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PSL-SP), que migrará, quando possível,
para o Aliança.
A deputada Carla Zambelli (PSL-SP) partilha da opinião,
embora defenda o lançamento de candidaturas com pessoas de estrita confiança,
independentemente do tamanho. “De repente, o município não é tão grande, mas
tem gente de confiança. E aí vamos lançar, pois é uma base a mais”, analisou. A
diretriz de Bolsonaro é priorizar os mais confiáveis. “O presidente já deixou
claro que é melhor ter menos prefeituras e não eleger tanta gente assim, mas
ter certeza absoluta de que colocaremos gente qualificada, do que colocar
qualquer um”, afirmou.
O plano do Aliança nos municípios é impulsionar candidatos
por mandatos de deputados federais nos respectivos estados, por meio da
associação da imagem dos parlamentares, que viabilizarão o consentimento dos
nomes junto à Executiva Nacional. A estratégia, contudo, já se mostra
desafiadora em meio à necessidade de emplacar pessoas de confiança. Zambelli
reclama que, desde a convenção de fundação do futuro partido, na quinta-feira,
várias pessoas começaram a se aproximar a fim de vincular candidatura a ela.
De quinta-feira para ontem, o número de “aproveitadores” aumentou. |
De quinta-feira para ontem, o número de “aproveitadores”
aumentou. “Estou tendo que lidar com um monte de casos de gente que, por
exemplo, aproveitou o fato de ter feito um vídeo comigo na cerimônia, falando
nas redes sociais que vai comandar o Aliança em algum município. Eu tô meio
bronqueada com o excesso de pessoas na briga de poder para chegar ao partido.
Isso me deixou meio cabreira em apoiar alguém no próximo ano. É ruim uma coisa
nascer já desse jeito”, criticou.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) que, futuramente, deve
ser confirmado como o presidente do diretório paulista do Aliança, também tem
freado o ímpeto dos mais empolgados. “Muita gente anda tentando puxar para si,
principalmente diretórios municipais, dizendo: ah, eu já sou do Aliança, já
comecei, mas não é nada assim, não. Está tudo em aberto”, avisou. Por esse
motivo, o deputado federal Sanderson (PSL-RS) prevê um lançamento tímido de
candidaturas. “Se tivermos 50, já será muita coisa. Tendo algo concreto, o
partido estando criado, vamos lançar, mas com muita cautela”, ponderou.
Estratégias
As estratégias para as eleições nas capitais ainda são
incipientes, mas em duas delas as conversas estão mais maduras. Em São Paulo, a
expectativa é lançar o jornalista José Luiz Datena. Luiz Philippe e Zambelli
aparecem como plano B. Em Curitiba, a ideia é lançar o jornalista e advogado
Ogier Buchi, nome de confiança do deputado Filipe Barros (PSL-PR). “Se o
presidente autorizar a candidatura do Aliança em Curitiba, ele é alguém de
conduta ilibada e histórico de ativismo ao presidente, e reconhecido pela
população. É uma das pessoas que eu levaria para o presidente Bolsonaro”,
destacou o parlamentar.
A possibilidade de Barros ser candidato a prefeito em
Londrina é uma situação que o deputado não descarta, embora garanta que é uma
decisão que ficará a cargo de Bolsonaro. “Eu sou soldado do presidente. Se ele
quiser que eu seja candidato, serei. Se ele quiser que eu permaneça em Brasília,
que assim seja. Não tenho apego a cargo, não dependo da política e já era
advogado antes de ser vereador”, ponderou. O deputado estadual Washington Lee
Abe (PSL) também pode sair candidato no interior paranaense apoiado por ele, à
prefeitura de Cascavel.
Acordos
Caso o partido não esteja criado até março de 2020, Barros
avalia a possibilidade de buscar acordos com legendas que tenham afinidade
programática para sugerir e tentar emplacar seus candidatos, com a expectativa
de que migre para o Aliança futuramente. “A conversa, inclusive, tem que ser
essa. Disputaria eleição por outro partido, uma vez que não tenha sido criado
e, a partir do momento que for, essas pessoas migrariam para o Aliança. Claro
que entra a questão jurídica, prefeitos poderiam sair a qualquer momento, mas
vereadores teriam que esperar a janela partidária”, disse.
A capital carioca é um dos municípios para o qual o Aliança
pode apoiar uma candidatura de outro partido. Na opinião do deputado Márcio
Labre (PSL-RJ), a tendência é apoiar a reeleição do prefeito Marcelo Crivella
(Republicanos). “Seria até um gesto de fidelidade dado pelo Republicanos na
esfera federal, estadual e municipal. Trabalhamos em sintonia em algumas
pautas”, avaliou. Pessoalmente, o parlamentar vai trabalhar para tentar
emplacar oito candidaturas, na noroeste fluminense e na Baixada, como em
Mesquita, onde pretende lançar a coordenadora de seu gabinete no estado, Dra.
Thaianna Barbosa.
Motivo da cisão dentro do PSL, a capilarização do Aliança no
país será algo muito debatido entre parlamentares e a Executiva Nacional, a fim
de evitar conflitos por espaços em prefeituras. Somente no Rio, são oito
deputados federais. “Ainda não tivemos problemas, mas vai ter. Farei de tudo
para buscar harmonia e aliviar a tensão, em busca de uma divisão justa para que
cada um tenha seu espaço”, ponderou Labre. Já Barros mantém contato com a
deputada Aline Sleutjes (PSL-PR) e pondera que, em última instância, a anuência
venha do diretório nacional. “Precisamos de estratégia macro, a fim de ser um
partido orgânico, não fisiológico”, justificou.
AS INFORMAÇÕES SÃO DOS REPÓRTERES INGRID SOARES E RODOLFO
COSTA
EDIÇÃO DE ANB ONLINE
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