domingo, 7 de outubro de 2018
Desde maio do ano passado, foram 129 registros de agressões físicas e ataques digitais contra profissionais da mídia

O radicalismo de direita e de extrema direita é o responsável pela maioria de ataques contra jornalistas que trabalham em contexto político, partidário e eleitoral. O dado é um alerta significativo das ameaças à liberdade de imprensa e a democracia no Brasil.

De acordo com o relatório da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), foram 129 atos de violência contra profissionais da imprensa, de maio de 2017 ao início de outubro de 2018, período que compreende a cobertura das eleições. Deste total, 98 ocorrências envolvem agressores ligados a candidaturas de direita. 

Dos 59 registros de agressões físicas, 31 foram praticados por militantes da direita. Já no caso dos 70 casos de ataques digitais e incitação de ódio pela internet, 67 partiram dos conservadores. 
Salve a Liberdade de Imprensa
O relatório produzido pela Abraji também revela o perfil dos agressores.
Segundo a gerente executiva Marina Atoji, da Abraji, o número real de ataques pode ser maior. 

"Antes de tudo, é importante notar que é um levantamento parcial, certamente há casos que a Abraji não toma conhecimento, dado a amplitude do país e das redes sociais. A ideia é produzir dados sobre este fenômeno, para conhecer a extensão dos ataques, dar visibilidade a eles e pensar o que pode ser feito para previni-los e reduzi-los", disse.

O jornalista Leonardo Sakamoto, que atua na cobertura da eleições e também em Direitos Humanos, é um dos profissionais brasileiros que mais sofreu com esse tipo de ameaça. 

"Nessa eleição, essencialmente, a gente tem sentido um aumento de ataques. Não deixa de ser surpreendente a facilidade com que alguém aborda um estranho a rua e faz uma ameaça de morte como se estivesse indo na padaria. Como se a falsa sensação de anonimato das redes estivesse transbordando para o lado de fora ", disse.

O relatório produzido pela Abraji também revela o perfil dos agressores. 

"Na esfera digital, a maioria dos ataques vem de perfis ditos politicamente conservadores, com grande alcance, incluindo promotores de Justiça, como o Ailton Benedito de Souza, do MPF [Ministério Público Federal] de Goiás, e Marcelo Rocha Monteiro do MP [Ministério Público] do Rio de Janeiro. Outros autores de destaque são influenciadores como Danilo Gentili, Flávio Gordon, MBL e Rodrigo Constantino. O Twitter e o Facebook foram os meios mais utilizados", disse.

As informações são dos repórteres Juca Guimarães e Emilly Dulce
Edição de Fernando Atallaia e Pedro Ribeiro Nogueira

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