sábado, 23 de dezembro de 2017
Classe artística reclama da atuação do secretário Diego Galdino à frente da pasta
Quando José Sarney deu o bote em Vitorino Freire, passando a liderar o campo conservador no Maranhão, ele agregou em torno de sua figura uma elite intelectual que tinha nos bastidores o singelo bordão “a poesia no poder”.
Se você leitor(a) prestar atenção na reportagem cinematográfica “Maranhão 66”, de Glauber Rocha, vai perceber que o som inicial (e final) do filme que narra a cerimônia de posse do governador eleito já prenunciava uma liga entre o novo coronel do Maranhão e a chamada cultura popular. Enquanto José Sarney discursava, os tambores rufavam, naquela algazarra de esperanças transformada em quase meio século de atraso.
Ao longo desse tempo todo, ungiu-se a política e a cultura, dando ao coronel e à sua filha Roseana Sarney um trânsito que vai dos cantadores de boi à Academia Maranhense de Letras. É claro que esse processo passou, necessariamente, pelos métodos de aliciamento originários do sistema oligárquico: clientelismo, fisiologismo e patrimonialismo.
Afinal, uma elite não se sustenta apenas com simpatias e paixões. Era fundamental utilizar a máquina do Estado para abrigar tanta gente boa, seja por competência ou bajulação.
No seu projeto de poder, José Sarney precisava da maquiagem cultural para disfarçar a cara dura do coronel. Assim, o homem que mandava João Alberto tocar o terror na “Operação Tigre”, que produziu tantos mortos, é o mesmo que transita entre os escritores imortais.
Feito este preâmbulo, quero refletir sobre o que ouço nas ruas de São Luís. Se converso com 10 pessoas do meio artístico, nove estão insatisfeitos com a escolha do governador Flávio Dino para a Secretaria de Cultura e Turismo (Sectur).
Nada contra o jovem secretário Diego Galdino. Não estou aqui para julgá-lo e nem discorrer sobre o seu perfil profissional, até porque não conheço as origens e os caminhos que o levaram ao cargo.
Também não cabe o argumento de que o secretário de Cultura e Turismo tem de ser uma pessoa oriunda do ambiente artístico. Se ele for um bom gestor, tiver habilidade para administrar os conflitos e gerenciar as crises, já está de bom tamanho.
Mas, o gestor da Sectur tem de ter o mínimo de sensibilidade para manejar o potencial cultural de um estado com tanta diversidade e riqueza estética quanto o Maranhão.
O secretário pode até ser um médico; porém, precisa estar antenado com os sentidos da cultura essenciais para o desenvolvimento material e espiritual das pessoas.
Esse é o ponto.
Não cabe aqui enumerar os itens de insatisfação entre produtores culturais, do artesão ao imortal, com a gestão da Sectur. Todo mundo sabe.
Sabemos também que existem acertos, mas em quantidade menor e pouco visíveis.
Fato concreto é que cultura e turismo são áreas estratégicas no Maranhão, carregadas de sentimentos e afetos fundamentais no encantamento da política.
Se não estamos alegres, e nem tristes, é porque não tem poesia na pasta da Cultura.
AS INFORMAÇÕES SÃO DO BLOG DO ED WILSON
Quando José Sarney deu o bote em Vitorino Freire, passando a liderar o campo conservador no Maranhão, ele agregou em torno de sua figura uma elite intelectual que tinha nos bastidores o singelo bordão “a poesia no poder”.
Se você leitor(a) prestar atenção na reportagem cinematográfica “Maranhão 66”, de Glauber Rocha, vai perceber que o som inicial (e final) do filme que narra a cerimônia de posse do governador eleito já prenunciava uma liga entre o novo coronel do Maranhão e a chamada cultura popular. Enquanto José Sarney discursava, os tambores rufavam, naquela algazarra de esperanças transformada em quase meio século de atraso.
Ao longo desse tempo todo, ungiu-se a política e a cultura, dando ao coronel e à sua filha Roseana Sarney um trânsito que vai dos cantadores de boi à Academia Maranhense de Letras. É claro que esse processo passou, necessariamente, pelos métodos de aliciamento originários do sistema oligárquico: clientelismo, fisiologismo e patrimonialismo.
Afinal, uma elite não se sustenta apenas com simpatias e paixões. Era fundamental utilizar a máquina do Estado para abrigar tanta gente boa, seja por competência ou bajulação.
O
secretário de Cultura do estado, Diego Galdino: antipoesia no poder. |
No seu projeto de poder, José Sarney precisava da maquiagem cultural para disfarçar a cara dura do coronel. Assim, o homem que mandava João Alberto tocar o terror na “Operação Tigre”, que produziu tantos mortos, é o mesmo que transita entre os escritores imortais.
Feito este preâmbulo, quero refletir sobre o que ouço nas ruas de São Luís. Se converso com 10 pessoas do meio artístico, nove estão insatisfeitos com a escolha do governador Flávio Dino para a Secretaria de Cultura e Turismo (Sectur).
Nada contra o jovem secretário Diego Galdino. Não estou aqui para julgá-lo e nem discorrer sobre o seu perfil profissional, até porque não conheço as origens e os caminhos que o levaram ao cargo.
Também não cabe o argumento de que o secretário de Cultura e Turismo tem de ser uma pessoa oriunda do ambiente artístico. Se ele for um bom gestor, tiver habilidade para administrar os conflitos e gerenciar as crises, já está de bom tamanho.
Mas, o gestor da Sectur tem de ter o mínimo de sensibilidade para manejar o potencial cultural de um estado com tanta diversidade e riqueza estética quanto o Maranhão.
O secretário pode até ser um médico; porém, precisa estar antenado com os sentidos da cultura essenciais para o desenvolvimento material e espiritual das pessoas.
Esse é o ponto.
Não cabe aqui enumerar os itens de insatisfação entre produtores culturais, do artesão ao imortal, com a gestão da Sectur. Todo mundo sabe.
Sabemos também que existem acertos, mas em quantidade menor e pouco visíveis.
Fato concreto é que cultura e turismo são áreas estratégicas no Maranhão, carregadas de sentimentos e afetos fundamentais no encantamento da política.
Se não estamos alegres, e nem tristes, é porque não tem poesia na pasta da Cultura.
AS INFORMAÇÕES SÃO DO BLOG DO ED WILSON
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E passaram-se 36 meses sem movimentos culturais no Maranhão, fico espantada com o comodismo do nosso governador em relação a isso. Não temos de fato uma Secretaria Estadual de Cultura e Turismo. Pasta inválida, vazia, sem atuação. Não se pode negar que houve mudança...
ResponderExcluirNessa ai Flavio nunca acertou, mas o governador tem boa vontade ele deve desconhecer que os artistas vem sendo humilhados pelo dito cujo. Volta Ester Marques!
ResponderExcluirClaudio Hugo(Tambor de Siribeira)
Realmente não me sinto em condições de discorrer sobre a atuação do atual governo sobre a cultura popular do Maranhão. Como em todos os governos, vejo gestos aqui e acolá que privilegiam o setor, mas não sei que ações poderiam ser desenvolvidas para fortalecer a cultura sem se tornar patrono e cuidador.
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