quinta-feira, 22 de junho de 2017
Para fugir da guerra, refugiados enfrentam
desemprego e xenofobia
Relatório divulgado pela Acnur revela um aumento de
mais de 300 mil refugiados em relação a 2015.
Deixar a terra natal para fugir de conflitos ou de perseguições. Essa é a condição que torna um cidadão de qualquer parte do mundo em um refugiado. Quem enfrenta essas questões e decide encarar deslocamento também se vê diante do desafio de se adaptar aos modos de vida na nova casa. O refugiado sírio Amr Houdaifa, jornalista e advogado por formação, está no Brasil há dois anos e precisou improvisar uma atuação no ramo da panificação e da culinária típica de seu país.
Deixar a terra natal para fugir de conflitos ou de perseguições. Essa é a condição que torna um cidadão de qualquer parte do mundo em um refugiado. Quem enfrenta essas questões e decide encarar deslocamento também se vê diante do desafio de se adaptar aos modos de vida na nova casa. O refugiado sírio Amr Houdaifa, jornalista e advogado por formação, está no Brasil há dois anos e precisou improvisar uma atuação no ramo da panificação e da culinária típica de seu país.
Ele e o irmão têm uma
fábrica de pães em Curitiba (PR) que vem dando conta do sustento, mas ele
mantém o foco de atuar novamente na área da comunicação. “Quero voltar à época
da caneta e da câmera”, diz Houdaifa, que enfrenta a restrição do mercado
brasileiro, principalmente por conta do idioma, embora já se comunique muito
bem. Para fortalecer seu trabalho e direciona-lo à atuação no Brasil, pretende
tentar o mestrado em Direito da Universidade Federal do Paraná.
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Segundo a ONU, 65,5 milhões de pessoas em todo o planeta foram forçadas a se deslocar de seus países de origem. |
Para o designer Anas
AlSadat (foto abaixo), que também veio ao Brasil em busca de acolhimento e
refúgio da guerra na Síria, a principal dificuldade é encontrar trabalho na
profissão em que atuava no país de origem. “Aqui, parece que estamos sempre
pulando, rodando, tentando. Não conseguimos trabalhar na nossa área”, reflete
AlSadat. Ele encontrou uma forma de aplicar os conhecimentos em design na
produção de lembranças personalizadas, como cadernos e canecas, e também
planeja um mestrado em Curitiba.
A guerra na Síria já dura
seis anos e contabiliza mais de 400 mil mortes e cinco milhões de refugiados.
Segundo um relatório do
Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), divulgado na
última segunda-feira (19), 65,5 milhões de pessoas em todo o planeta foram
forçadas a se deslocar de seus países de origem – dados que revelam um aumento
de mais de 300 mil pessoas em relação a 2015. O número de refugiados no Brasil
cresceu 9,31% - passou de 8.863 em 2016 para 9.689 em 2017. O país abriga
também 35.464 solicitantes de asilo.
Acolhimento
Refugiados que decidem viver na capital do Paraná podem contar com o apoio e o suporte de entidades como a Cáritas, a Acnur e a Casa Latino Americana (Casla). Essas instituições promovem a acolhida e regularização de documentos e verificam as necessidades dos refugiados. Na maioria das vezes, o contato é feito por intermédio da Polícia Federal.
Acolhimento
Refugiados que decidem viver na capital do Paraná podem contar com o apoio e o suporte de entidades como a Cáritas, a Acnur e a Casa Latino Americana (Casla). Essas instituições promovem a acolhida e regularização de documentos e verificam as necessidades dos refugiados. Na maioria das vezes, o contato é feito por intermédio da Polícia Federal.
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Segundo um relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), divulgado na última segunda-feira (19), 65,5 milhões de pessoas em todo o planeta foram forçadas... |
“Desde 2011, quando teve
início a guerra civil na Síria, começou a haver um fluxo migratório mais
intenso para diversas partes do mundo, inclusive o Brasil. Em Curitiba, temos
um grupo grande de sírios que veio em busca de sobrevivência, fugindo da morte
e da violação de direitos”, situa Márcia Ponce, coordenadora do projeto para o
atendimento de refugiados da Cáritas, em parceria com a Acnur. Ela destaca a
importância da solidariedade e do acolhimento dos brasileiros para receber
pessoas que não vieram porque escolheram, mas por falta de opção. “Temos que
entender que o nosso país é imenso: hoje, nem 1% da nossa população é composta
por imigrantes. Enquanto isso, países mais desenvolvidos chegam a registra um
índice de 15%”, exemplifica.
A integrante da Cáritas
também nota uma prática xenofóbica (preconceito com quem vem de fora) entre os
brasileiros: “Quando um povo que consideramos ‘superior’ por ser de primeiro
mundo migra para o nosso país, a aceitação é muito mais fácil, mas muitos acabam
discriminando pessoas de países mais pobres”.
Lei da migração
Em maio, o presidente
Michel Temer (PMDB) sancionou com 20 vetos uma nova proposta para a Lei da
Migração. Embora o texto tenha perdido pontos importantes, ainda preserva o
caráter de definir regras mais flexíveis para a entrada e a permanência de
estrangeiros no Brasil. “A nova versão da lei não atendeu às expectativas para
garantir uma recepção efetivamente mais acolhedora, mas já é um avanço. Trouxe
um viés menos criminalizante em relação à lei anterior”, pondera Márcia Ponce.
A advogada e
vice-presidente da Casla, Ivete Caribé, relata uma prática comum em Paranaguá:
a de prender refugiados que chegam clandestinamente ao porto, embora a lei
proíba a prisão de pessoas nessa condição. “Existe um pensamento coletivo de
que os jovens da África são viajantes em busca de aventuras, quando a realidade
os coloca diante de centenas de mortes e conflitos violentos. O preconceito
leva à ideia equivocada de que buscam turismo gratuito, mas a real situação é
de relento no porão de um navio sob condições precárias”, explica Ivete.
Em sua interpretação, o
Brasil precisa resgatar o acolhimento, que já foi mais bem praticado por aqui.
“Quando negros e africanos foram forçados a embarcar em porões de navios e
trazidos para serem escravos no Brasil, eles participaram e contribuíram
enormemente com o desenvolvimento do país. Agora, precisam vir por uma questão
de sobrevivência. É nosso papel acolhê-los com respeito e solidariedade”,
avalia a advogada.
Ela ressalta, ainda, o
valor e a importância da miscigenação cultural. “Recentemente, Curitiba recebeu
um dos maiores ourives do mundo, refugiado da Síria. Todas essas pessoas podem
compartilhar seu conhecimento conosco”, conclui.
As informações são da repórter Carolina
Goetten
Edição de Daniel Giovanaz
e Ednubia Ghisi
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