segunda-feira, 1 de maio de 2017
Índio tem mãos decepadas em ataque de pistoleiros que deixou 10 feridos, em Viana
Depois
de uma madrugada de tensão pelo receio de novos atos de violência contra as
aldeias Gamela, além da angústia sobre o estado de saúde dos feridos no ataque
deste domingo, 30, contra a retomada dos indígenas no Povoado das Bahias,
município de Viana (MA), informações consolidadas dão conta do massacre
envolvendo a amputação de membros do corpo de dois indígenas: cinco baleados,
sendo que dois tiveram também as mãos decepadas, e chega a 13 o número de
feridos a golpes de facão e pauladas. Não há, até o momento, a confirmação de
mortes.
Os
dados seguem sendo parciais, os números de baleados e feridos podem aumentar, e
isso se deve ao fato de que os Gamela se espalharam após a investida dos
fazendeiros e seus capangas, entre 16h30 e 17 horas. Os criminosos estavam
reunidos para atacar os indígenas ao menos desde o início da tarde, nas
proximidades do Povoado da Bahias, numa área chamada de Santero, conforme
convocação realizada pelas redes sociais e em programas de rádio locais.
| Cinco indígenas foram transferidos durante a noite de ontem e madrugada de hoje para o Hospital Socorrão 2, Cidade Operária. |
Cinco
indígenas foram transferidos durante a noite de ontem e madrugada de hoje para
o Hospital Socorrão 2, Cidade Operária, na capital São Luís. Todos baleados em
várias partes do corpo e dois chegaram à unidade com membros decepados: um teve
as mãos retiradas a golpes de facão, na altura do punho (foto ao lado); outro,
além das mãos, teve os joelhos cortados nas articulações.
Na
manhã desta segunda-feira, 1o de maio, Dia dos Trabalhadores, dois Gamela
receberam alta: um levou um tiro de raspão na cabeça e teve apenas uma das mãos
machucadas e o segundo levou um tiro no rosto e outro no ombro, mas sem
prejuízos para os órgãos vitais. Os demais seguem internados: dois em estado
grave, correndo risco de morte, e sem alternativa passaram por intervenções
cirúrgicas.
“Um
deles levou dois tiros, uma bala está alojada na coluna e a outra na costela,
teve as mãos decepadas e joelho cortados. O irmão dele levou um tiro no peito.
Outro teve as mãos decepadas”, relata integrante do Conselho Indigenista
Missionário (Cimi) que esteve com os Gamela hospitalizados em São Luís. Carros
de apoiadores dos Gamela, inclusive, tiveram que cuidar de algumas locomoções
de feridos pela falta de ambulâncias.
Em
Viana e nos municípios do entorno, dezenas de feridos receberam atendimento
médico com cortes de facão pelo corpo e lesões diversas. Relatos de áudio, ao
menos de três moradores e moradoras da cidade, circulam trazendo informações de
que boatos correram ainda à noite, horas após a ofensiva contra os Gamela, sobre
ataques a serem realizados contra os indígenas na unidade de
pronto-atendimento, fazendo com que muitos saíssem do local após os primeiros
socorros.
“Tememos
novos ataques a qualquer momento. A concentração de jagunços segue estimulada e
organizada no Santero, o mesmo lugar de onde saíram ontem pra fazer essa
desgraça com o povo da gente. A polícia tá dizendo que não foi ataque, mas
confronto. Não é verdade, fomos pegos de tocaia enquanto a gente saía da
retomada. Mal podemos nos defender, olha aí o que aconteceu”, diz um Gamela que
não identificamos por razões de segurança.
| O Governo do Estado do Maranhão, por intermédio das secretarias de Segurança Pública e Direitos Humanos, está informado dos fatos. |
O
Governo do Estado do Maranhão, por intermédio das secretarias de Segurança
Pública e Direitos Humanos, está informado dos fatos. O pedido ao Poder Público
estadual é de garantir a integridade física das aldeias e de seus integrantes
evitando um novo massacre. A Fundação Nacional do Índio (Funai) também foi
notificada e a intenção é envolver o governo federal na garantia dos direitos
humanos e proteção aos Gamela – sobretudo porque a avaliação dos Gamela é de
que as polícias Militar e Civil possuem são próximas dos principais opositores
da pauta do povo, que na região sobre com racismo e preconceito sendo
constantemente taxados de falsos índios.
O
Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e a 6a Câmara de Coordenação e
Revisão, que cuida dos assuntos ligados aos povos indígenas e quilombolas na
Procuradoria-Geral da República (PGR), estão analisando formas de intervenção
na situação. A Relatora da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas, Victoria
Tauli-Corpuz, será comunicada nas próximas horas sobre o ataque contra os
Gamela. Em Nova York (EUA), o Fórum Permanente de Assuntos Indígenas das Nações
Unidas está reunido desde a semana passada e conta com uma delegação do Brasil
de indígenas Munduruku, Yanomami, Baré e Kanamary, além da Repam, Cimi e Fian.
Não é
o primeiro ataque sofrido pelo povo Gamela, que luta para que a Funai instale
um Grupo de Trabalho para a identificação e demarcação do território
tradicional. Devido a morosidade quanto a quaisquer encaminhamentos pelo órgão
indigenista, os Gamela decidiram recuperar áreas tradicionais reivindicadas. Em
2015, um ataque a tiros foi realizado contra uma destas áreas. Em 26 de agosto
de 2016, três homens armados e trajando coletes à prova de bala invadiram outra
área e foram expulsos pelos Gamela, que mesmo sob a mira de armas de fogo os
afastaram da comunidade.
As informações são do Conselho Indigenista Missionário (Cimi)
Leia aqui
nota na Comissão Pastoral da Terra.
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ResponderExcluirIndígenas baleados! No Maranhão das barbáries!
Indígenas Gamelas foram covardemente atacados por pistoleiros no município de Viana. O fato ocorreu na tarde de ontem, dia 30 de abril de 2017. Fala-se em quatro ou cinco atingidos por arma de fogo. Vários outros indígenas foram agredidos com facões e pauladas. Entre os feridos está o indígena Kum`Tum Gamela (Inaldo Vieira Serejo), ex-padre e ex-coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT) no Maranhão. Ele vem sendo ameaçado de morte já há algum tempo e ontem custou a ser levado para um hospital por conta da insegurança na área, só sendo conduzido para atendimento médico por volta das 22 horas, acompanhado de uma freira argentina, a irmã Cristina.
O indígena Kum`Tum Gamela é uma referência na luta social do Maranhão e do Brasil, exemplo de dignidade dos oprimidos, que encarna o que tem de melhor na história da Teologia da Libertação. Segundo nota lançada ontem pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI), do lado dos covardes fazendeiros (os homens das cercas), está o deputado federal Aluísio Mendes, ex-secretário de segurança do Governo Roseana e ex-assessor de José Sarney no Senado. Diante da gravidade do caso e da denúncia envolvendo a Polícia Militar, o atual governador tem a obrigação moral de chamar a responsabilidade do problema para ele e garantir a segurança e integridade dos indígenas.
A questão dos Gamelas é mais uma tragédia anunciada. Os desdobramentos do que está ocorrendo em Viana pode, mais uma vez, colocar o Maranhão como exemplo de barbárie para o Brasil e para o mundo. Os indígenas não vão recuar! A terra é dos Gamela! Uma terra que lhes foi tomada a partir de históricas grilagens.
(Fonte Jornal Vias de Fato)