segunda-feira, 30 de janeiro de 2017
POESIA SEMPRE!
Doe do crânio ao rijo penetrar das ideias amanhecidas entre talheres
Leia na íntegra o
poema A Esponsal, da obra inédita As Virgens Errantes de
autoria do poeta e jornalista maranhense Fernando Atallaia 
A Esponsal
A Esponsal
Tomo I 
Caminhava nua apesar
das ruas da inquisição
Uma sombra na madrugada
em busca de calçadas
Maços de cigarro que
a levam e trazem 
Era assim quando tragava a luz dos insones rastejantes 
Pairava sobre a escuridão
dos prédios mortos 
Ria das madames de portos
seus cicerones lambe-pratos  
| Era assim quando tragava a luz dos insones rastejantes | 
Às 7 da manhã como
amora violenta acordava a beleza das migalhas
A procura de um amor
espatifado sentido no passado como nunca
Estendia a nuca aos amantes novos das famélicas gozadas
Estendia a nuca aos amantes novos das famélicas gozadas
Espraiava como o todo
e o infinito rastejam ao segundo seus minutos
Um destino a cada
pulso
Um adeus a cada lua 
| Segue ela acompanhada dos abortados sentidos de menina | 
Segue ela acompanhada
dos abortados sentidos de menina
A cortesã maluca dos
loucos diabos espalhados nas bodegas
A cachaça suja penetrando sua última moeda, um copo já quebrado
A cachaça suja penetrando sua última moeda, um copo já quebrado
O devir não é maior
que a roupa suja. Sua quitinete um castelo sem areia
Assim como a aranha
tece a teia sua existência tecendo outras na janela 
Ela a
rainha-irmã-vizinha a mãe daquele além deste 
| O devir não é maior que a roupa suja | 
E sobre o rebento
falam muitos. Nascido nas veias do não pensamento 
Há de criar-se como
todo homem bravo ao relento entre papelões recolhidos na sarjeta
A alegria do gameta, esta audição de futuro inda não chegado
A alegria do gameta, esta audição de futuro inda não chegado
Após a metafísica dos
mendigos que a procuram a transcendência de um bartender entre os Vidros 
Homens soberbos caem
de mesas como jarras derramadas 
O vinho do meio dia só
alegra agora aos vômitos preciosos
| Há quem acredite ser
ela o elo entre a superfície e um deus subterrâneo | 
Ela tem a cor de um arco-íris
desaparecido deste tempo 
A mão esparsa entre os descompassados, incongruentes descaminhos
Há quem acredite ser ela o elo entre a superfície e um deus subterrâneo
Há quem acredite ser ela o elo entre a superfície e um deus subterrâneo
Doe do crânio ao rijo penetrar das ideias amanhecidas entre talheres
A comida das feiras trespassadas
de angústia 
Sua face decaída
pelas trilhas mesmas de outrora 
Dói o tê-la  agora já tarde que não eterno 
Uma esponsal impossível
de todos e tantos sem ninguém. 
Fernando Atallaia,
São José de Ribamar, Setembro de 2011 
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profunda essa poesia.
ResponderExcluirsó um cara sensivel como você para entender essas mulheres e suas histórias.
linda poesia parabens amigo atalaia.
vou divulgar.
bjs
Uma das poesias mais lindas que já li. Parabéns Atalaia!
ResponderExcluirFernando é uma das vozes mais rutilantes da Poesia Maranhense. Rompe com a tradição e a palavra e conserva o lírico e o profundo, mesmo que o terreno seja pântano e mal cheiroso. Evoé meu poeta!
ResponderExcluirRaimundo Fontenele
Escrever poesia é exercitar com propriedade a sensibilidade existente na alma humana. Enxergar em uma das profissões mais antigas do mundo um motivo para transforma-lá em poema, supera qualquer preconceito. E isso você consegue Atallaia, parabéns seu talento vai além do imaginável.
ResponderExcluirLindo poema assim como o dono
ResponderExcluirTe admiro fernando-Rose do Cohafuma
Atalaia, essa é uma das melhores poesias suas que já li. Parabéns pelo seu talento nato meu amigo!!!
ResponderExcluirEu achei esse poema simplesmente espetacular. A musicalidade aqui é incrível - tentem lê-lo em voz alta e perceberão... As palavras fluem com muita naturalidade, encaixam-se com perfeição. É um poema sincero... Belíssimo!!!... Quem sabe, um dos mais belos que já li, se conhecerem a história de Fernando Atallaia - com certeza, concordarão!!!
ResponderExcluirFernando Atallaia, Mestre da poesia , da música e do jornalismo. Aprendo muito com você meu amigo.
ResponderExcluirParabéns por mais essa obra-prima.
Do amigo Celso Luís da EMEM
A Esponsal...poema cru como a carne exposta/da mulher nua,gritando seus desejos,sob o clatão da lua...na rua abandonada."Pairava sobre a escuridão dos prédios mortos" belíssima imagem.Emocionalmente belo,este poema do livro- Virgens Errantes...deste maestro das palavras-grande poeta Fernando Atslaia.Parabéns!
ResponderExcluirSomente através dá sensibilidade do poeta para descrever as proezas desfrutadas pelas mulheres guerreiras da noite e que alguns a chamam de mulheres de vida fácil uma apologia a uma das funções mais antigas dá sociedade... Grande mestre Fernando Atalaia parabéns por sua inspiração.
ResponderExcluirSensibilidade! Uma mente e coração que traduz o que realmente faz sentindo, mesmo que não faça sentido! Admirável tua sensibilidade Atalaia! !!
ResponderExcluirVocê e sua luta incessante pela valorização dos desprezados e menos favorecidos, incluindo os humilhados vitimas de toda sorte de preconceitos como as prostitutas deste país
ResponderExcluirRita Damasceno, Para sempre sua fã
Quando vem a madrugada e a noite foi regada de bebida e insucessos, eu vejo passar ao meu lado mulheres-fantasmas como se fossem espectros, mundanas ou mundamas, doidivanas, que me ignoram como se ignora um prato de comida estragado.
ResponderExcluirMagnífico texto. Lembrei-me do lirismo encontrado na poesua de Murilo Mendes. Parabéns amigo Fernando, sem dúvidas um belo texto, um belo poema.
ResponderExcluirA cada poema uma agradável surpresa! Fernando Atallaia um ícone na literatura maranhense, uma pessoa que consegue transcrever em poemas, a sensibilidade e a delicadeza da mulher, seja ela quem for. Só uma pessoa altamente capacitada e que ama o que faz, para nos transportar para dentro de sua leitura, vc nos envolve e nos encanta. PARABÉNS!
ResponderExcluirParabéns Fernando! Tenho certeza que você é um dos maiores intelectuais e representantes da cultura maranhense.
ResponderExcluirMito!
ResponderExcluirFlaviano-UFMA