domingo, 1 de março de 2015
Edição 2015 do evento internacional de literatura mobiliza atenções da capital
cubana e atrai pluralidade de moradores e turistas
Clarissa Pont e Eduardo Seidl, RBA
A multidão era ainda maior do que aquelas vistas no Brasil
em pré-feriado natalino dentro de um shopping center, quase impossível
caminhar. A diferença é que não se tratava de um shopping, mas da 24ª Feira
Internacional do Livro de Havana. Do dia 12 até o último domingo (22), a
Fortaleza de San Carlos de La Cabaña, a maior construída pela Espanha nas
Américas e uma das edificações históricas mais bonitas da capital cubana,
abrigou centenas de livreiros, shows musicais e exposições.
Considerado o maior evento cultural da ilha, a Feira do Livro ocupou Havana a partir da fortaleza e moveu a população para o outro lado do porto |
A fortaleza sozinha já valeria a visita. Foi construída a
partir da invasão inglesa, serviu de prisão militar e, na Revolução Cubana, de
quartel-general. Atualmente, é um local turístico com feira de artesanato,
cafés e onde, todas as noites, às nove em ponto, acontece a cerimônia do
cañonazo, declarado recentemente Patrimônio Cultural de Cuba. Atores em
uniformes militares do século 18 recriam o disparo de canhão sobre o porto de
Havana que era sinal, até 1850, do fechamento das portas da muralha da cidade.
Considerado o maior evento cultural da ilha, a Feira do
Livro ocupou Havana a partir da fortaleza e moveu a população para o outro lado
do porto, onde se chega por uma autopista que corre por baixo da água. Neste
ano, foram instaladas 12 subsedes da feira em todos os bairros. Os cubanos
levaram até as comemorações do Dia de São Valentin para a fortaleza e muitos
casais programaram um passeio entre os expositores no último dia 14.
Homenagem a Índia
“É uma honra para a Índia ser o primeiro país asiático
convidado a esta Feira do Livro, que conta com a participação de intelectuais e
escritores de 35 nações”, disse Ravindra Singh, secretário de Estado da Cultura
da Índia, durante a cerimônia de abertura da feira, que movimentou a Sala
Nicolás Guillén da fortaleza. Para se ter uma ideia, 13 editoras indianas
estiveram presentes, com mais de 27 títulos traduzidos para o espanhol. A
expectativa dos indianos era vender cerca de 100 mil exemplares em Havana.
A multidão era ainda maior do que aquelas vistas no Brasil em pré-feriado natalino dentro de um shopping center, quase impossível caminhar |
Além de homenagear a Índia como país convidado, a feira
deste ano foi dedicada aos escritores Olga Pontuondo Zúñiga, Prêmio Nacional de
Ciências Sociais e Humanas de 2010, e Leonardo Acosta, Prêmio Nacional de
Literatura 2006 e Prêmio Nacional de Música 2014.
O evento também rendeu homenagens aos cinco heróis, como
são conhecidos os agentes de inteligência Gerardo Hernández, Ramón Labañino,
Antonio Guerrero, Fernando González e René González, que recentemente voltaram
a Havana depois de estarem arbitrariamente presos nos EUA desde 1998. Eles são
lembrados a todo momento em eventos oficiais. Antonio, Gerardo e Ramon
estiveram na cerimônia de abertura da feira literária, no último dia 12.
A feira foi o principal assunto da semana em Havana. O incremento de 17% na produção de livros desde a edição do ano passado foi destaque do jornal Granma. |
Segundo a organização, na edição 2015 do evento foram mais
de 850 lançamentos editoriais e calcula-se que circularam nos seus dez dias de
duração 5 milhões de exemplares na fortaleza. ““A feira reafirma assim seu
tamanho e sua vontade de diálogo intercultural”, afirma Zuleica Romay,
presidente do Instituto Cubano do Livro.
A feira foi o principal assunto da semana em Havana. O
incremento de 17% na produção de livros desde a edição do ano passado foi
destaque do jornal Granma. O jornal seguiu durante algumas semanas a
força-tarefa desenvolvida em gráficas cubanas para aportarem na feira com todos
os títulos em tiragens máximas.
“Quando se entra na área de imprensa e encadernação da
Empresa de Artes Gráficas Frederico Engels, salta à vista uma enorme rotativa
Man Roland que trabalha em velocidade extrema imprimindo em quatro cores”, diz
a matéria.”
“Para garantir que cada autor lance seu livro é que estamos trabalhando”
Os trabalhadores das gráficas fazem grande esforço para
garantir todos os lançamentos. Edel Gálvez, operário principal da rotativa,
conta que desde o fim de novembro são realizados turnos de 12 horas de
trabalho, de segunda a domingo. Para agilizar o processo, os títulos foram
organizados por formatos para que não sejam necessárias muitas mudanças no
maquinário a cada impressão. “Para garantir que cada autor lance seu livro é
que estamos trabalhando”, conclui Gálvez.
|
Desde cedo
Foi intensa a participação das crianças e inúmeros os
espaços dedicados a elas. Segundo o portal Prensa Latina, o Fundo das Nações
Unidas para a Educação e a Infância (Unicef) destacou na mesma semana da
abertura as contribuições teóricas de Cuba à inclusão nas escolas.
Anna Luzia D’Emilio, representante da Unicef em Cuba,
destacou que na ilha está garantido o direito humano à educação. A declaração
foi destaque no lançamento do livro Inclusão Educativa e Educação Especial, dos
autores Santiago Borges e Moraima Orozco. O texto diagnostica e propõe enfoques
ao tema da inclusão de crianças com deficiência física, dificuldade de
mobilidade e pobres. “Este estudo serve de retroalimentação à Unicef,
simultaneamente, que promove a reflexão e o questionamento dos enfoques pedagógicos
tradicionais no ensino especial”, disse Anna.
Logo depois do encerramento, domingo, a Feira do Livro de
Havana partiu em circuito por todas as províncias do país – um périplo de
literatura.
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