domingo, 3 de agosto de 2014
O buraco nas contas da Santa Casa
Jornal GGN - O maior hospital filantrópico da América Latina, Santa Casa Misericórdia de São Paulo virou assunto de desentendimento entre o governo federal e o estadual. E, até agora, a Secretaria do Estado de São Paulo não prestou esclarecimentos ao Ministério da Saúde.
Na semana passada, o pronto socorro da Santa Casa ficou fechado por 30 horas, devido a uma dívida com fornecedores de R$ 50 milhões. A unidade que é o maior hospital filantrópico da América Latina contabiliza um déficit atual de R$ 400 milhões nas contas, sendo a maior parte de empréstimos bancários. O caso gerou embate na esfera política entre as pastas da Saúde.
Depois da paralisação do PS na unidade, o secretário estadual de
Saúde, David Uip, disse que a gestão da unidade era responsabilidade
federal.
Assim, o Ministério da Saúde resolveu analisar as contas de repasse e constatou que o estado de São Paulo, por meio da Secretaria Estadual da Saúde, não transferiu R$ 74 milhões destinados à Santa Casa. "Que o recurso [da pasta] saiu, saiu. Que chegou a São Paulo, chegou a São Paulo. Que ele não chegou integralmente na Santa Casa, não chegou", afirmou o ministro da Saúde, Arthur Chioro.
David Uip rebateu. Disse que o Ministério contabilizou duas vezes um valor de incentivos não mais existentes. Tratam-se do FIDEPS, financiamento de ensino e pesquisa, e a expansão da oferta, um incentivo ampliado, em 2011, para sanar dificuldades financeiras da Santa Casa e aumentar atendimentos. De acordo com o secretário, esses recursos foram incorporados a outros repasses, que são os valores de produção, ou seja, o total de procedimentos realizados no hospital.
O secretário contornou a responsabilidade e disse que, uma vez que o recurso foi contabilizado pelo Ministério da Saúde, cobrará o recebimento desse valor que, de acordo com ele, não foi repassado à pasta estadual. Além disso, cobrou a abertura de uma auditoria para analisar as contas da Santa Casa de São Paulo.
O Ministério da Saúde comemorou a iniciativa e já indicou um dos seus técnicos como representante da auditoria, que ainda não tem data marcada.
E em contrapartida informou, em nota, que “os valores do FIDEPS ficam como memória de cálculo e devem ser alocados como incentivos de custeio e, não, vinculados à produção. O recurso, portanto, é um repasse a mais em relação à tabela SUS”. A pasta também lembrou que, mesmo se a ampliação da oferta fosse incorporada aos valores de produção, o aumento do repasse deveria ser constatado nas contas, “o que não se verifica”.
Chioro respondeu, mais uma vez, à afirmação de David Uip: "eu não estou inventando, nós estamos comparando as portarias que o Ministério da Saúde autorizou o pagamento com os dados enviados pela secretaria estadual e com a confirmação feita pela Santa Casa".
Na última terça-feira (29), o ministro contou que havia solicitado à secretaria estadual de São Paulo informações sobre as contas da Santa Casa e disse: "pode ser que o Estado tenha explicações, é preciso entender a situação sem elevar o tom e ser desrespeitoso".
"Objetivamente, nós mandamos R$ 25,3 milhões por mês, para que o Estado pague a Santa Casa. E a própria Santa Casa confirma que, do recurso federal, só tem recebido R$ 21,5 milhões", defendeu Arthur Chioro.
Até agora, a pasta estadual não respondeu.
No documento enviado por Fausto Pereira dos Santos, o ex-secretário executivo e secretário de Atenção à Saúde do Ministério faz um questionamento ao Secretário de Estado da Saúde de São Paulo sobre a "divergência dos valores informados".
"Visando dar transparência dos recursos transferidos à Santa Casa, informo que no exercício de 2013 este Ministério identificou recursos financeiros de fonte federal no montante de R$ 293.954.752,20, e no exercício de 2014, no período de janeiro a maio, o valor de R$ 127.334.471,24. Estes valores se referem aos incentivos financeiros e produção do estabelecimento, conforme planilha anexa", expõe Fausto Pereira.
O secretário dá continuidade às informações: "conforme dados informados por essa Secretaria [estadual], verificou-se que no exercício de 2013 foram transferidos recursos financeiros à Santa Casa no montante de R$ 414.238.822,84, sendo R$ 176.973.809 de fonte estadual e R$ 237.265.013,84 de fonte federal. No exercício de 2014, até a competência maio, foram transferidos recursos no montante de R$ 173.415.534,25, sendo R$ 67.653.600 de fonte estadual e R$ 105.761.934,25 de fonte federal".
Por fim, ele compara ao montante verificado pela unidade hospitalar: "em conformidade com os dados enviados pela Santa Casa, no exercício de 2013, esta informa que recebeu recursos de fonte federal desse estado, no montante de R$ 241.360.565,83 e em 2014 recebeu o valor de R$ 106.076.077,80, da mesma fonte até a competência maio".
Os dados relatados pelo secretário de Atenção à Saúde do Ministério podem ser conferidos nas tabelas, a seguir:
Jornal GGN - O maior hospital filantrópico da América Latina, Santa Casa Misericórdia de São Paulo virou assunto de desentendimento entre o governo federal e o estadual. E, até agora, a Secretaria do Estado de São Paulo não prestou esclarecimentos ao Ministério da Saúde.
Na semana passada, o pronto socorro da Santa Casa ficou fechado por 30 horas, devido a uma dívida com fornecedores de R$ 50 milhões. A unidade que é o maior hospital filantrópico da América Latina contabiliza um déficit atual de R$ 400 milhões nas contas, sendo a maior parte de empréstimos bancários. O caso gerou embate na esfera política entre as pastas da Saúde.
David Uip( à esquerda) tenta explicar desvios de milhões da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo: dinheiro público escoado pelo rodo da corrupção num país de gestores ladrões |
Assim, o Ministério da Saúde resolveu analisar as contas de repasse e constatou que o estado de São Paulo, por meio da Secretaria Estadual da Saúde, não transferiu R$ 74 milhões destinados à Santa Casa. "Que o recurso [da pasta] saiu, saiu. Que chegou a São Paulo, chegou a São Paulo. Que ele não chegou integralmente na Santa Casa, não chegou", afirmou o ministro da Saúde, Arthur Chioro.
David Uip rebateu. Disse que o Ministério contabilizou duas vezes um valor de incentivos não mais existentes. Tratam-se do FIDEPS, financiamento de ensino e pesquisa, e a expansão da oferta, um incentivo ampliado, em 2011, para sanar dificuldades financeiras da Santa Casa e aumentar atendimentos. De acordo com o secretário, esses recursos foram incorporados a outros repasses, que são os valores de produção, ou seja, o total de procedimentos realizados no hospital.
O secretário contornou a responsabilidade e disse que, uma vez que o recurso foi contabilizado pelo Ministério da Saúde, cobrará o recebimento desse valor que, de acordo com ele, não foi repassado à pasta estadual. Além disso, cobrou a abertura de uma auditoria para analisar as contas da Santa Casa de São Paulo.
O Ministério da Saúde comemorou a iniciativa e já indicou um dos seus técnicos como representante da auditoria, que ainda não tem data marcada.
E em contrapartida informou, em nota, que “os valores do FIDEPS ficam como memória de cálculo e devem ser alocados como incentivos de custeio e, não, vinculados à produção. O recurso, portanto, é um repasse a mais em relação à tabela SUS”. A pasta também lembrou que, mesmo se a ampliação da oferta fosse incorporada aos valores de produção, o aumento do repasse deveria ser constatado nas contas, “o que não se verifica”.
Chioro respondeu, mais uma vez, à afirmação de David Uip: "eu não estou inventando, nós estamos comparando as portarias que o Ministério da Saúde autorizou o pagamento com os dados enviados pela secretaria estadual e com a confirmação feita pela Santa Casa".
Na última terça-feira (29), o ministro contou que havia solicitado à secretaria estadual de São Paulo informações sobre as contas da Santa Casa e disse: "pode ser que o Estado tenha explicações, é preciso entender a situação sem elevar o tom e ser desrespeitoso".
"Objetivamente, nós mandamos R$ 25,3 milhões por mês, para que o Estado pague a Santa Casa. E a própria Santa Casa confirma que, do recurso federal, só tem recebido R$ 21,5 milhões", defendeu Arthur Chioro.
Até agora, a pasta estadual não respondeu.
No documento enviado por Fausto Pereira dos Santos, o ex-secretário executivo e secretário de Atenção à Saúde do Ministério faz um questionamento ao Secretário de Estado da Saúde de São Paulo sobre a "divergência dos valores informados".
"Visando dar transparência dos recursos transferidos à Santa Casa, informo que no exercício de 2013 este Ministério identificou recursos financeiros de fonte federal no montante de R$ 293.954.752,20, e no exercício de 2014, no período de janeiro a maio, o valor de R$ 127.334.471,24. Estes valores se referem aos incentivos financeiros e produção do estabelecimento, conforme planilha anexa", expõe Fausto Pereira.
O secretário dá continuidade às informações: "conforme dados informados por essa Secretaria [estadual], verificou-se que no exercício de 2013 foram transferidos recursos financeiros à Santa Casa no montante de R$ 414.238.822,84, sendo R$ 176.973.809 de fonte estadual e R$ 237.265.013,84 de fonte federal. No exercício de 2014, até a competência maio, foram transferidos recursos no montante de R$ 173.415.534,25, sendo R$ 67.653.600 de fonte estadual e R$ 105.761.934,25 de fonte federal".
Por fim, ele compara ao montante verificado pela unidade hospitalar: "em conformidade com os dados enviados pela Santa Casa, no exercício de 2013, esta informa que recebeu recursos de fonte federal desse estado, no montante de R$ 241.360.565,83 e em 2014 recebeu o valor de R$ 106.076.077,80, da mesma fonte até a competência maio".
Os dados relatados pelo secretário de Atenção à Saúde do Ministério podem ser conferidos nas tabelas, a seguir:
Quantias milionárias foram desviadas |
Em quais bolsos foram parar os milhões da Santa Casa? |
Assinar:
Postar comentários
(Atom)
Postagens mais visitadas
-
DICA MUSICAL DO BLOG DO FERNANDO ATALLAIA PARA A NOITE DESTA TERÇA-FEIRA Ícone da Música Romântica Maranhense-MRM, Lairton lança novo clipe....
-
A Assembleia em Presidente Dutra realizou neste fim de semana, entre os dias 3, 4 e 5, o Impacto Missionário, evento que contou com apoi...
-
Natural de Codó, Gerude é autor de clássicos como ’Eu te Conheço Carnaval’, 'Tempo de Guarnicê' e ‘Jamaica São Luís’. Com 42 anos de...
-
O deputado Pastor Gil, maior expoente da Assembleia de Deus em Parlamento, participou do Congresso da União de Mocidade e Adolescentes da As...
-
O cantor e compositor Lindomar Lins, ícone do Brega maranhense, foi o entrevistado da edição nº 69 do podcast Garagem Alternativa, programa ...
-
NO MENEZES Na noite desta segunda-feira (6), o Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão foi acionado para combater um incêndio em um supermerc...
-
Saiu o clipe oficial de 'Ia Ia', nova música do cantor e compositor César Nascimento. A concepção artística e de imagens de referênc...
-
O deputado federal Pastor Gil(PL) visitou, esta semana, o 24º Batalhão de Infantaria de Selva, localizado no bairro João Paulo na capital ma...
-
Um servidor da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) está sendo processado após chamar o ministro do Supremo Tribunal Federal (ST...
-
Em razão da comemoração do Dia do Comerciário, nesta segunda-feira(20), o comércio da Grande São Luís que abrange São Luís, São José de Riba...
Pesquisar em ANB
Nº de visitas
Central de Atendimento
FAÇA PARTE DA EQUIPE DA AGÊNCIA DE NOTÍCIAS BALUARTE
Denúncias, Sugestões, Pautas e Reclamações: agencia.baluarte@hotmail.com
atallaia.baluarte@hotmail.com
Sua participação é imprescindível!
Denúncias, Sugestões, Pautas e Reclamações: agencia.baluarte@hotmail.com
atallaia.baluarte@hotmail.com
Sua participação é imprescindível!
0 comentários:
Postar um comentário