segunda-feira, 15 de outubro de 2018
A disputa eleitoral de 2018 mexeu nas...
POR ED WILSON
A disputa eleitoral de 2018 mexeu nas profundezas abissais da Assembleia de Deus. Em um áudio amplamente divulgado, o pastor Pedro Aldi Damasceno, presidente da Ceadema (Convenção Estadual das Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus no Maranhão), censurou a senadora eleita, evangélica Eliziane Gama (PPS), após ela ter declarado apoio no segundo turno ao presidenciável do PT, Fernando Haddad.
O pastor utiliza linguagem agressiva para demonizar Haddad e conclamar os evangélicos a votarem no candidato do PSL, Jair Bolsonaro, defensor da tortura e principal inimigo dos princípios cristãos de igualdade, tolerância e solidariedade.
Deputada federal e militante da Assembleia de Deus, Eliziane Gama foi eleita senadora na chapa do governador reeleito Flávio Dino (PCdoB). A aliança entre comunistas e cristãos era de amplo conhecimento da comunidade evangélica e avalizada inclusive pelo presidente da Ceadema.
Durante o primeiro mandato do governador do PCdoB, a Assembleia de Deus foi beneficiária dos cargos de capelão distribuídos a várias denominações religiosas e à Igreja Católica. “Apoiamos o governador, trabalhei a favor dele, votamos, elegeu no primeiro turno com apoio do povo evangélico” disse Damasceno, para em seguida repudiar o apoio de Eliziane a Haddad.
O presidente da Ceadema afirmou que vai mobilizar a cúpula da
Assembleia de Deus e o seu rebanho contra a declaração da senadora
eleita. “Eu vou pedir o apoio de todos os pastores da Mesa Diretora, do
Conselho de Ética e Disciplina, do Conselho Consultivo, de todas as
comissões e de todas as missionárias para se posicionar contrário ao
pronunciamento de apoiar o Haddad”, ameaçou o pastor.
Nesta campanha há eleitores de todos os tipos. Tem aqueles marombados que bradam “fora PT” e estacionam na vaga do idoso no supermercado. E tem pastores que aceitam cargos do governo do PCdoB e demonizam o petista Haddad.
Assim, a fala do principal líder religioso da Assembleia de Deus no Maranhão é recheada de hipocrisia. O pastor sempre soube que o PT e o PCdoB são aliados desde 1989 e caminharam juntos com Lula em todas as disputas presidenciais. Ele também tinha pleno conhecimento de que o governador foi um dos principais defensores da presidenta Dilma Roussef (PT) durante o processo do impeachment.
Hipocrisia tem limite
A filha do pastor Pedro Aldi Damascenno, Mical (PTB), foi eleita deputada estadual na coligação da base do governo comunista, formada pelos partidos PPL/PTB/PROS/PPS, a mesma que também elegeu para a Assembleia Legislativa o pastor José Alves Cavalcante, presidente da Convenção dos Ministros das Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus no Maranhão (Comadesma).
Eliziane Gama, senadora eleita, é filha do pastor Newton Gama. Aldi sempre soube que ela concorreu ao Senado sob as bênçãos do governador do PCdoB.
O presidente da Ceadema também faz uso de falsas informações para justificar o repúdio a Haddad, acusando o candidato petista de querer “fechar as igrejas” e a vice Manuela Dávilla de ter feito referência homossexual a Jesus Cristo. “Um cara desse que a vice disse que Jesus é gay é uma miséria”, desqualificou Aldi.
Todo o discurso do pastor é um péssimo exemplo aos seus fiéis. Na condição de líder da Assembleia de Deus, onde há crentes honrados, ele deveria pedir desculpas e mandar de volta ao Palácio dos Leões os cargos de capelão ofertados pelo governador comunista.
É o mínimo que poderia fazer, além de se desculpar também pela disseminação de falsas informações sobre a vice Manuela Dávila e o presidenciável Haddad.
Deus, na sua infinita misericórdia, haverá de julgar essas atitudes e as palavras do pastor, que finaliza a sua pregação comandando o voto dos evangélicos no defensor da tortura. “Nós vamos votar no Bolsonaro, porque é um homem que tem umas proposta (sic) que vai dar continuação o direito de liberdade de nossa igreja e a pregação do santo evangelho de Jesus Cristo”, enfatizou.
Por fim, façamos justiça a Eliziane Gama. Ela foi muito hostilizada durante a campanha eleitoral por ter votado “sim” no impeachment e ter sugerido a convocação de Lula na CPI da Petrobras. Com esses gestos, atraiu a ira petista e foi carimbada de “golpista.
No segundo turno, diante da polarização Haddad x Bolsonaro, declarou apoio ao petista. A senadora eleita pode até ser conservadora, mas está longe do fascismo e não declararia apoio a quem defende torturadores.
Agora, é aguardar os movimentos futuros para saber se o pastor que hoje censura amanhã será beneficiário de outros favores no governo e até mesmo da senadora eleita e censurada.
De imediato, este líder religioso que se locupletou com as benesses do governo do PCdoB deveria fazer um gesto de grandeza – devolver os cargos de capelão da Assembleia de Deus.
O tempo dirá se o antipetismo de Aldi Damasceno é coerente ou apenas da boca para fora, usando o nome de Deus em vão!
ED WILSON É JORNALISTA, PROFESSOR DE COMUNICAÇÃO DA UFMA E TITULAR DO BLOG DO ED WILSON
POR ED WILSON
A disputa eleitoral de 2018 mexeu nas profundezas abissais da Assembleia de Deus. Em um áudio amplamente divulgado, o pastor Pedro Aldi Damasceno, presidente da Ceadema (Convenção Estadual das Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus no Maranhão), censurou a senadora eleita, evangélica Eliziane Gama (PPS), após ela ter declarado apoio no segundo turno ao presidenciável do PT, Fernando Haddad.
O pastor utiliza linguagem agressiva para demonizar Haddad e conclamar os evangélicos a votarem no candidato do PSL, Jair Bolsonaro, defensor da tortura e principal inimigo dos princípios cristãos de igualdade, tolerância e solidariedade.
Deputada federal e militante da Assembleia de Deus, Eliziane Gama foi eleita senadora na chapa do governador reeleito Flávio Dino (PCdoB). A aliança entre comunistas e cristãos era de amplo conhecimento da comunidade evangélica e avalizada inclusive pelo presidente da Ceadema.
Durante o primeiro mandato do governador do PCdoB, a Assembleia de Deus foi beneficiária dos cargos de capelão distribuídos a várias denominações religiosas e à Igreja Católica. “Apoiamos o governador, trabalhei a favor dele, votamos, elegeu no primeiro turno com apoio do povo evangélico” disse Damasceno, para em seguida repudiar o apoio de Eliziane a Haddad.
PASTOR DAMASCENO, DEVOLVA OS CARGOS DE CAPELÃO! |
Nesta campanha há eleitores de todos os tipos. Tem aqueles marombados que bradam “fora PT” e estacionam na vaga do idoso no supermercado. E tem pastores que aceitam cargos do governo do PCdoB e demonizam o petista Haddad.
Assim, a fala do principal líder religioso da Assembleia de Deus no Maranhão é recheada de hipocrisia. O pastor sempre soube que o PT e o PCdoB são aliados desde 1989 e caminharam juntos com Lula em todas as disputas presidenciais. Ele também tinha pleno conhecimento de que o governador foi um dos principais defensores da presidenta Dilma Roussef (PT) durante o processo do impeachment.
Hipocrisia tem limite
A filha do pastor Pedro Aldi Damascenno, Mical (PTB), foi eleita deputada estadual na coligação da base do governo comunista, formada pelos partidos PPL/PTB/PROS/PPS, a mesma que também elegeu para a Assembleia Legislativa o pastor José Alves Cavalcante, presidente da Convenção dos Ministros das Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus no Maranhão (Comadesma).
Eliziane Gama, senadora eleita, é filha do pastor Newton Gama. Aldi sempre soube que ela concorreu ao Senado sob as bênçãos do governador do PCdoB.
O presidente da Ceadema também faz uso de falsas informações para justificar o repúdio a Haddad, acusando o candidato petista de querer “fechar as igrejas” e a vice Manuela Dávilla de ter feito referência homossexual a Jesus Cristo. “Um cara desse que a vice disse que Jesus é gay é uma miséria”, desqualificou Aldi.
Todo o discurso do pastor é um péssimo exemplo aos seus fiéis. Na condição de líder da Assembleia de Deus, onde há crentes honrados, ele deveria pedir desculpas e mandar de volta ao Palácio dos Leões os cargos de capelão ofertados pelo governador comunista.
É o mínimo que poderia fazer, além de se desculpar também pela disseminação de falsas informações sobre a vice Manuela Dávila e o presidenciável Haddad.
Deus, na sua infinita misericórdia, haverá de julgar essas atitudes e as palavras do pastor, que finaliza a sua pregação comandando o voto dos evangélicos no defensor da tortura. “Nós vamos votar no Bolsonaro, porque é um homem que tem umas proposta (sic) que vai dar continuação o direito de liberdade de nossa igreja e a pregação do santo evangelho de Jesus Cristo”, enfatizou.
Por fim, façamos justiça a Eliziane Gama. Ela foi muito hostilizada durante a campanha eleitoral por ter votado “sim” no impeachment e ter sugerido a convocação de Lula na CPI da Petrobras. Com esses gestos, atraiu a ira petista e foi carimbada de “golpista.
No segundo turno, diante da polarização Haddad x Bolsonaro, declarou apoio ao petista. A senadora eleita pode até ser conservadora, mas está longe do fascismo e não declararia apoio a quem defende torturadores.
Agora, é aguardar os movimentos futuros para saber se o pastor que hoje censura amanhã será beneficiário de outros favores no governo e até mesmo da senadora eleita e censurada.
De imediato, este líder religioso que se locupletou com as benesses do governo do PCdoB deveria fazer um gesto de grandeza – devolver os cargos de capelão da Assembleia de Deus.
O tempo dirá se o antipetismo de Aldi Damasceno é coerente ou apenas da boca para fora, usando o nome de Deus em vão!
ED WILSON É JORNALISTA, PROFESSOR DE COMUNICAÇÃO DA UFMA E TITULAR DO BLOG DO ED WILSON
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