sábado, 18 de novembro de 2017
Escolha pessoal de Temer, delegado Fernando Segóvia era o preferido da alta cúpula do PMDB em Brasília
''Tem que mudar o governo para estancar essa sangria''.
Há um ano e meio, a frase dita pelo senador Romero Jucá (PMDB), braço-direito de Michel Temer (PMDB), ao ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, entrava para a história como um dos símbolos do golpe parlamentar de 2016.
A conversa telefônica foi divulgada durante o período de afastamento provisório da então presidenta Dilma Rousseff (PT), e escancarou um dos objetivos do impeachment: frear as investigações de corrupção no Brasil, e não ampliá-las.
Desde que assumiu a Presidência, Temer foi alvo de duas denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR), e investiu R$ 12 bilhões para barrá-las no Congresso Nacional. Conforme previsto no roteiro de Jucá, o presidente golpista também mudou a chefia da PGR, em setembro, e há dez dias nomeou um novo diretor-geral para a Polícia Federal (PF).
Ambas as escolhas são polêmicas. A nova PGR, Raquel Dodge, pertencia a um grupo de oposição ao antecessor, Rodrigo Janot. No caso da PF, o escolhido foi Fernando Segóvia – que não era o preferido de Leandro Daiello, diretor-geral da corporação desde 2011.
Confira abaixo cinco motivos para suspeitar das intenções de Temer ao nomear Segóvia para o comando da PF:
I - Lados opostos
Desde o início do ano, Leandro Daiello deixou claro que pretendia deixar o cargo, e até recomendou um sucessor para o cargo: o delegado Rogério Galloro, então número 2 da corporação. Este também era o nome preferido do ministro da Justiça, Torquato Jardim. Porém, Michel Temer preferiu Segóvia, que logo anunciou mudanças em postos de chefia da PF – responsáveis pelo avanço da Lava Jato.
Nomeado pela ex-presidenta Dilma Rousseff, Daiello pode ser criticado sobre vários aspectos, menos sobre a autonomia em relação ao Poder Executivo. Foi na gestão dele que vieram à tona casos de corrupção no governo federal.
Manter essa autonomia não parece ser a intenção de Temer, que teve a chance de escolher a dedo quem irá investigá-lo e não iria desperdiçar a chance de se proteger. Embora tenha barrado duas denúncias da PGR no Congresso, o presidente golpista continua na mira da PF em Brasília, que apura fraudes durante a elaboração da Lei dos Portos.
Em nota oficial, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) desejou sorte ao novo diretor-geral, mas insistiu para que da próxima vez seja escolhido para o cargo um dos três mais votados pela corporação.
II - Preferido da alta cúpula
nomeação Fernando Segóvia recebeu apoio da alta cúpula do PMDB, que tinha pressa para trocar o comando da PF desde o início da operação Tesouro Perdido – que localizou a mala com R$ 51 milhões atribuídos ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB).
É de conhecimento público que os caciques do partido estavam na mira de Daiello e de seus subordinados. A segunda denúncia contra Temer, barrada no Congresso, foi baseada em um relatório da PF sobre o chamado “quadrilhão do PMDB”.
Por algum motivo, após 22 anos de trabalho na corporação, Segóvia mereceu a confiança de todos eles.
III - O primeiro discurso
Na solenidade de posse, no Ministério da Justiça, Segóvia não falou em frear ou limitar as investigações da Lava Jato. Porém, utilizou um argumento sugestivo no primeiro disurso e nos pronunciamentos à imprensa.
Em nenhum momento, o novo diretor-geral da PF atribuiu centralidade à operação Lava Jato no combate ao crime organizado e aos desvios ocorridos no país. O delegado preferiu dizer que a corrupção é “sistêmica”, e que sua função como diretor não é aperfeiçoar apenas a Lava Jato, mas todas as operações.
Essa linha argumentativa é a mesma adotada por Michel Temer, desde o golpe.
IV - Defesa da PEC 37
Uma das bandeiras das manifestações de junho de 2013 era a rejeição à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37. O texto sugeria que o poder de investigação criminal fosse exclusivo da polícia, em detrimento do Ministério Público. Segundo a interpretação equivocada dos movimentos que saíram às ruas em apoio à Lava Jato, a PEC 37 comprometeria o avanço das investigações de corrupção no Brasil.
Fernando Segóvia assumiu uma defesa corajosa e ferrenha daquele texto. “O Ministério Público começou a investigar sem controle, através de procedimentos que estão inclusive sendo questionados junto ao Supremo Tribunal Federal”, disse o delegado à TV Ajufe, em maio de 2013.
PEC defendida por Segóvia chegou a ser chamada de “carta branca para a corrupção”, e foi derrotada por 430 votos a 9 na Câmara Federal. Se a proposta fosse aprovada, o Ministério Público não cometeria tantas arbitrariedades e os políticos – corruptos ou não – poderiam apresentar sua defesa, conforme o devido processo legal.
V - Passado condena?
No dia 17 de setembro, Michel Temer recebeu o ex-senador José Sarney (PMDB) no Palácio do Jaburu para conversar, entre outros assuntos, sobre a troca no comando da PF. Na semana seguinte, “vazou” em Brasília a informação de que Fernando Segóvia era o nome preferido de Sarney.
Os dois se conhecem há pelo menos onze anos. Em agosto de 2008, Segóvia assumiu a Superintendência da PF no Maranhão. De 2009 a 2014, o estado foi governado pela filha do ex-senador, Roseana Sarney (PMDB).
Segundo a revista Veja, circula em Brasília um dossiê que mostra as relações íntimas do novo diretor-geral da PF com a família Sarney e com o ex-ministro Edison Lobão (PMDB). O documento aponta que Segóvia morou no apartamento de um empreiteiro ligado a Lobão, e que o delegado costumava frequentar a casa dos Sarney com a esposa – inclusive, o casal teria passado um carnaval na companhia de Roseana.
''Tem que mudar o governo para estancar essa sangria''.
Há um ano e meio, a frase dita pelo senador Romero Jucá (PMDB), braço-direito de Michel Temer (PMDB), ao ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, entrava para a história como um dos símbolos do golpe parlamentar de 2016.
A conversa telefônica foi divulgada durante o período de afastamento provisório da então presidenta Dilma Rousseff (PT), e escancarou um dos objetivos do impeachment: frear as investigações de corrupção no Brasil, e não ampliá-las.
![]() |
Novo diretor-geral assumiu o cargo há uma semana. |
Ambas as escolhas são polêmicas. A nova PGR, Raquel Dodge, pertencia a um grupo de oposição ao antecessor, Rodrigo Janot. No caso da PF, o escolhido foi Fernando Segóvia – que não era o preferido de Leandro Daiello, diretor-geral da corporação desde 2011.
Confira abaixo cinco motivos para suspeitar das intenções de Temer ao nomear Segóvia para o comando da PF:
I - Lados opostos
Desde o início do ano, Leandro Daiello deixou claro que pretendia deixar o cargo, e até recomendou um sucessor para o cargo: o delegado Rogério Galloro, então número 2 da corporação. Este também era o nome preferido do ministro da Justiça, Torquato Jardim. Porém, Michel Temer preferiu Segóvia, que logo anunciou mudanças em postos de chefia da PF – responsáveis pelo avanço da Lava Jato.
Nomeado pela ex-presidenta Dilma Rousseff, Daiello pode ser criticado sobre vários aspectos, menos sobre a autonomia em relação ao Poder Executivo. Foi na gestão dele que vieram à tona casos de corrupção no governo federal.
Manter essa autonomia não parece ser a intenção de Temer, que teve a chance de escolher a dedo quem irá investigá-lo e não iria desperdiçar a chance de se proteger. Embora tenha barrado duas denúncias da PGR no Congresso, o presidente golpista continua na mira da PF em Brasília, que apura fraudes durante a elaboração da Lei dos Portos.
Em nota oficial, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) desejou sorte ao novo diretor-geral, mas insistiu para que da próxima vez seja escolhido para o cargo um dos três mais votados pela corporação.
II - Preferido da alta cúpula
nomeação Fernando Segóvia recebeu apoio da alta cúpula do PMDB, que tinha pressa para trocar o comando da PF desde o início da operação Tesouro Perdido – que localizou a mala com R$ 51 milhões atribuídos ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB).
É de conhecimento público que os caciques do partido estavam na mira de Daiello e de seus subordinados. A segunda denúncia contra Temer, barrada no Congresso, foi baseada em um relatório da PF sobre o chamado “quadrilhão do PMDB”.
Por algum motivo, após 22 anos de trabalho na corporação, Segóvia mereceu a confiança de todos eles.
III - O primeiro discurso
Na solenidade de posse, no Ministério da Justiça, Segóvia não falou em frear ou limitar as investigações da Lava Jato. Porém, utilizou um argumento sugestivo no primeiro disurso e nos pronunciamentos à imprensa.
Em nenhum momento, o novo diretor-geral da PF atribuiu centralidade à operação Lava Jato no combate ao crime organizado e aos desvios ocorridos no país. O delegado preferiu dizer que a corrupção é “sistêmica”, e que sua função como diretor não é aperfeiçoar apenas a Lava Jato, mas todas as operações.
Essa linha argumentativa é a mesma adotada por Michel Temer, desde o golpe.
IV - Defesa da PEC 37
Uma das bandeiras das manifestações de junho de 2013 era a rejeição à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37. O texto sugeria que o poder de investigação criminal fosse exclusivo da polícia, em detrimento do Ministério Público. Segundo a interpretação equivocada dos movimentos que saíram às ruas em apoio à Lava Jato, a PEC 37 comprometeria o avanço das investigações de corrupção no Brasil.
DIRETOR-MOR? Fernando Segóvia era o preferido da alta cúpula do PMDB em... |
PEC defendida por Segóvia chegou a ser chamada de “carta branca para a corrupção”, e foi derrotada por 430 votos a 9 na Câmara Federal. Se a proposta fosse aprovada, o Ministério Público não cometeria tantas arbitrariedades e os políticos – corruptos ou não – poderiam apresentar sua defesa, conforme o devido processo legal.
V - Passado condena?
No dia 17 de setembro, Michel Temer recebeu o ex-senador José Sarney (PMDB) no Palácio do Jaburu para conversar, entre outros assuntos, sobre a troca no comando da PF. Na semana seguinte, “vazou” em Brasília a informação de que Fernando Segóvia era o nome preferido de Sarney.
Os dois se conhecem há pelo menos onze anos. Em agosto de 2008, Segóvia assumiu a Superintendência da PF no Maranhão. De 2009 a 2014, o estado foi governado pela filha do ex-senador, Roseana Sarney (PMDB).
Segundo a revista Veja, circula em Brasília um dossiê que mostra as relações íntimas do novo diretor-geral da PF com a família Sarney e com o ex-ministro Edison Lobão (PMDB). O documento aponta que Segóvia morou no apartamento de um empreiteiro ligado a Lobão, e que o delegado costumava frequentar a casa dos Sarney com a esposa – inclusive, o casal teria passado um carnaval na companhia de Roseana.
As informações são do repórter Daniel Giovanaz
Edição de Ednubia Ghisi
Assinar:
Postar comentários
(Atom)
Postagens mais visitadas
-
A nudez despudorada POR FERNANDO ATALLAIA DIRETO DA REDA ÇÃ O Um grupo de mulheres vem tirando a roupa nas noites de São Luís ...
-
A Pesquisa de Intenção de Consumo para o Dia dos Namorados em 2025 aponta que 50,3% dos consumidores de São Luís pretendem comprar presente...
-
A decisão teve como base uma ação ajuizada pelo Ministério Público Federal (MPF), o qual apontou que o licenciamento ambiental foi feito de ...
-
Vivenciando uma torrente inimaginável de desgaste, após vazamento de prints misóginos, o vice-governador Felipe Camarão(PT) segue em pré-c...
-
São Luís sediou neste sábado(7) o 1º Encontro Maranhense em Defesa da Vida. O evento aconteceu no Multicenter Sebrae e contou com a presenç...
-
Um tiroteio em uma escola na cidade de Graz, segunda maior cidade da Áustria e a 20km da capital Viena, deixou dez mortos, além de pessoas f...
-
Um casal foi preso, no início da tarde dessa terça-feira (10), dentro de pelo crime de um micro-ônibus, pelo tráfico de drogas. O homem e a ...
-
O assassinato de Sinclair Cardoso dos Santos, um motorista de aplicativo de 27 anos, nesta segunda-feira(9) chocou a Grande São Luís. O crim...
-
AS PROPOSTAS PARA COMPENSAR O IOF INCLUEM A REVISÃO DO DECRETO DO IOF, UMA MEDIDA PROVISÓRIA PARA COMPENSAÇÕES ARRECADATÓRIAS, UMA PEC PARA ...
-
O deputado federal Pastor Gil(PL) esteve em São Domingos do Maranhão onde participou das comemorações dos 90 anos da Assembleia de Deus no m...
Pesquisar em ANB
Nº de visitas
Central de Atendimento
FAÇA PARTE DA EQUIPE DA AGÊNCIA DE NOTÍCIAS BALUARTE
Denúncias, Sugestões, Pautas e Reclamações: agencia.baluarte@hotmail.com
atallaia.baluarte@hotmail.com
Sua participação é imprescindível!
Denúncias, Sugestões, Pautas e Reclamações: agencia.baluarte@hotmail.com
atallaia.baluarte@hotmail.com
Sua participação é imprescindível!
0 comentários:
Postar um comentário