terça-feira, 23 de maio de 2017
Primeiro teste de Temer no Congresso acaba em confusão
As informações são
dos repórteres Afonso Benites e Talita Bedinelli, do El País
Senadores bateram boca durante leitura de relatório da reforma trabalhista nesta terça.
O Governo de Michel
Temer tinha uma missão nesta terça-feira: mostrar que, apesar da enorme crise
que começou na última quarta-feira e da saída de partidos como o PSB de sua
base, o Congresso estava em pleno funcionamento e continuava mantendo seu apoio
a ele. Mas a oposição também tinha sua meta: a de atrapalhar todas as votações
que pudessem e, assim, mostrar que o Governo está enfraquecido. No final do
dia, nenhum dos dois lados conseguiu completar seu objetivo plenamente. E o que
se viu no Congresso foi uma série de episódios de confusão, muito bate-boca,
algum protesto e xingamentos entre vários parlamentares.
O primeiro teste da
base de Temer ocorreria no Senado, no início da tarde. A Comissão de Assuntos
Econômicos (CAE) deveria ler o relatório da reforma trabalhista, um dos
projetos mais importantes para o Governo Temer. A oposição tentou protelar a
leitura e conseguiu colocar em votação um requerimento, que pedia que a ela
fosse adiada. Para isso, contou com a defesa de Renan Calheiros, líder na Casa
do partido do presidente, que chegou a sugerir, inclusive, que Temer saia do
cargo. "Ler esse relatório hoje, de afogadilho, colocando goela abaixo de
algumas pessoas para que o Legislativo demonstre que o Executivo não está
paralisado, está com um rumo pré-definido, não pode acontecer", afirmou
ele. O melhor era que nos conversássemos com o presidente para que ele
entenda o seu papel histórico a cumprir, façamos uma transição negociada e
rápida. Elejamos um presidente e um vice, garantindo eleições gerais em
2018", afirmou o peemedebista. Ele chegou a dizer à bancada do partido que
votasse pelo adiamento da leitura, contrariando a orientação dada, momentos
antes, por seu companheiro de sigla, Romero Jucá, aliado de Temer, que pediu
para a bancada rejeitar o pedido.
A ideia era protelar ao máximo as votações(...) |
O Governo acabou
ganhando a primeira batalha, mas de forma apertada. Foram 13 votos contra 11,
pela manutenção da leitura do relatório, o que incendiou a oposição.
Iniciou-se, então, uma discussão entre os parlamentares, que acabou em
empurra-empurra e xingamentos. "Eu falei para o senador Ataídes [Oliveira,
PSDB]: 'vocês estão sustentando um Governo corrupto!' E ele respondeu: 'ô,
moleque, vagabundo! Saí para lá'", disse o senador Randolfe Rodrigues
(REDE), que acabou subindo na mesa, com dedos em riste na direção do colega, em
protesto. Outros parlamentares entraram na briga e se iniciou uma confusão
generalizada, que se completou com a gritaria de militantes que acompanhavam a
sessão. Ao final, o presidente da comissão, Tasso Jereissati (PSDB), tentou
retomar a leitura do relatório, mas acabou impedido por senadores da oposição,
que agarraram seu microfone. Decretou, então, que o relatório estava lido e
deixou a comissão. "Foi uma cena que nunca imaginei ver no Senado
federal", disse depois Jereissati, que acusou a oposição de desrespeitar a
vontade da maioria, impedindo de "maneira violenta" a leitura do relatório.
Ao mesmo tempo em que
se dava a confusão no Senado, a Câmara também vivia sua dose de polêmica do
dia. Na Comissão de Constituição e Justiça, o Governo teve de agir como
minoria, que obstrui votações, para evitar que a proposta de emenda
constitucional das eleições diretas (a PEC 227 de 2016) fosse votada. Um
requerimento apresentado por aliados de Temer foi derrotado na votação
simbólica – que é aquela em que o parlamentar não precisa se identificar para
votar, apenas sinaliza com a mão se concorda ou não com o que está sendo
questionado. Foi pedida, então, a verificação nominal. Antes que ela ocorresse,
o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), abriu a sessão plenária e
iniciou a votação de projetos de lei. Com isso, todas as comissões precisam
encerrar os seus trabalhos.
“Quando um Governo
tem de obstruir os trabalhos, como se minoria fosse, demonstra que não é mais
Governo, que não tem mais força nenhuma”, disse o líder da REDE, Alessandro
Molon, que acusou Maia de iniciar a sessão apenas para evitar nova derrota do
Governo na comissão. O discurso dele seguiu na mesma sintonia de toda a
oposição. “Estava muito claro que no início de julho essa PEC chegaria ao
plenário. O Governo quer procrastinar. Agora, eles não entendem que uma votação
indireta abre espaço para a compra descarada de votos. Vejam o que o Joesley
Batista disse na delação dele, que recebeu o pedido para comprar o impeachment
de Dilma”, afirmou Chico Alencar (PSOL-RJ).
Até aliados de Temer
reclamaram da conduta dos governistas. “O Governo deu palco para oposição e a
oposição está enganando o Brasil. A PEC é importante, mas ela não valerá para
já porque qualquer regra eleitoral só vale com um ano de antecedência. Estamos
nos precavendo para o futuro”, afirmou Marcos Rogério (DEM-RO).
Nas votações do
plenário, a oposição também entrou em obstrução. A ideia era protelar ao máximo
as votações, mesmo sabendo que o Governo tinha a maioria necessária para
aprovar as medidas. Levantou cartazes que pediam "Fora, Temer" e
"Diretas, Já". Mesmo em minoria, a oposição já deixou claro que não
pretende dar paz a Temer. Decidiu ainda nesta terça-feira iniciar a coleta de
assinaturas para abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para
investigar o presidente Michel Temer. São necessárias apenas 171 assinaturas
para que ela seja criada.
Edição de Fernando Atallaia
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